domingo, julho 6

Era glacial


Campanha eleitoral começando e todos interessados no processo buscando dar a falsa impressão de que você, com seu voto, está sendo decisivo para os destinos de sua cidade, seu estado, seu país. Alguns nomes se colocam como os mais capacitados para comandar a cidade, e outros tantos se propõem a serem os fiscais da prefeitura e os elaboradores das leis municipais.

Democracia é isso, uns votam e os uns poucos eleitos decidem o que fazer, como fazer e porque fazer. Na maioria dos casos, para não dizer todos, os interesses visados são os próprios, pessoais, de familiares, amigos, apaniguados, protegidos. O poder real é o econômico. Eleitos se ajoelham, sempre, e atendem a generosa mão que repassa propinas, superfaturamentos, benefícios diversos.

Campanha eleitoral é o show do milhão ao contrário. Dudas Mendonças contratados com cheques de sete dígitos, programas de televisão pagos a peso de ouro, notícias compradas na mídia, empresas de televisão vendendo candidaturas que eleitas irão facilitar o acesso aos créditos do BNDES, prorrogação de pagamentos das dívidas do INSS, contratos publicitários fabulosos.

Mas se o eleito furar a palavra empenhada, a mídia não se faz de rogada. Cria uma pauta extensa de falcatruas produzidas pelo poder representativo. Afinal de contas todos os políticos têm sempre algo a esconder em seu passado nebuloso, ou então, no presente, está envolvido em alguma negociata. Qual deles nunca colocou um parente em algum cargo público? Na falta de escândalos mais espalhafatosos, ataca-se de clientelismo, nepotismo, omissões no exercício do cargo.

O eleitor, simples mortal que habita na zona periférica dos centros urbanos, é sempre a cartada decisiva dos candidatos. Em número, superam os bolsões de burguesia e podem decidir uma eleição. Normalmente, trocam o voto por algum favor imediato. O mais emblemático de todos é a dentadura. População de banguelas. Mas há tantas outras formas de se conquistar a “confiança” do excluído. Que tal uma bolsa família, que assegura reais pelos próximos quatro anos? Afinal de contas este benefício entra governo, sai governo vai se perpetuando. Para os mais abençoados, há uma casa popular lhe esperando logo após o abrir das urnas. Ou até antes disso.

Modelo democrático nacional querendo ser exemplo para os Estados Unidos. Urnas eletrônicas que em poucas horas apontam os eleitos, praticamente isentas de fraudes. Partidos de esquerda, de direita, de centro, de cima do muro que se assemelham tanto. Eleições decididas pelos nomes. Povo que há muito tempo desistiu de entender de ideologias, perdeu as esperanças, assiste impassível aos telejornais como se nada estivesse ao seu alcance ou despertasse verdadeiramente os seus interesses.

Dá pena ver parentes de vítimas da violência se unindo em pequenos grupos cobrando justiça para seus mortos. Ou bacaninhas zona sul, depois de mais uma incursão armada dos moradores dos morros em seus territórios, se organizarem em caminhadas pela paz.

Não há paz visível onde todos são transformados em mercadoria. Onde o lucro é o princípio, meio e fim de todas as relações sociais. Criam-se ongs teoricamente para se fazer o bem a terceiros, ou salvar o mundo de uma hecatombe climática, mas o que se vê são uns poucos dirigentes em pouco tempo, melhorando verticalmente de vida às custas de contribuições pessoais e do estado. O voto não vai mudar nada disso. Pensar o contrário é, talvez, somente uma vã ilusão desprovida de sentido no universo real.

4 comentários:

Anônimo disse...

I truly appreciate it.

Nina Souza disse...

Enquanto o povo não estiver preparado para a mudança, jamais sairemos do lugar-comum.

Ah, sobre o comment no meu blog, a algum tempo atrás eu simplesmente revirei minha vida inteira. Meu lema era a frase "O que você está fazendo para realizar a vida que deseja experimentar?". Essa frase foi um choque positivo, que junto a outros, me fez dar o pontapé inicial em todas as mudanças que gerei.

Gostei do teu canto, vou add la no meus blogs favoritos, e volto mais vezes.

bjs

Anônimo disse...

Ano eleitoral sempre é bom, temos que fazer valer a pena as nossas convicções!!
BEijooooos

Anônimo disse...

Yutarets! kasagad bah!