sábado, outubro 8

quinta-feira, outubro 6

Melancolia


Impossível ficar indiferente a Melancolia, de Lars Von Triers. É um filme carregado de simbolismos de como cada um sente o mundo. De cara, logo no início, o desfecho da história nos é revelada. Portanto não há uma questão dramática. Essa já foi respondida. O diretor passa, então, a explorar as reações humanas diante de uma inevitabilidade. Do quanto cada um prefere se enganar para não mudar os seus sentimentos diante da iminência de uma catástrofe, ao passo que outros sentem-se absolutamente confortáveis com os seus próprios destinos e o daqueles que os cercam. É sobre a melancolia que a produção trata. Nada mais.

A história começa com os noivos Justine (Kirsten Dunsten) e Michael (Alexander Skarsgad) em uma limousine procurando chegar ao local aonde vai ser a festa do casamento. O veículo, por ser muito grande, terminando não conseguindo percorrer todo o trajeto, obrigando ao casal fazer o restante do percurso a pé. A dificuldade inicial meio que aponta para o estress entre os dois que vem a seguir.

Justine definitivamente está aos frangalhos psicologicamente. Ao ponto de entrar em atritos com sua irmã Claire, dona da mansão onde acontece a festa e quem a protege do mundo exterior. A depressão da protagonista, que aos poucos vai se avolumando, parece ter sido mantida em segredo e escamoteada pela aparente alegria originada das bodas. Mas a dor sentida não fica escondida por muito tempo.

Com o avançar das cenas, toda a desestabilidade emocional de Justine vai aflorando, ao ponto de até entrar em atritos até com o seu chefe de trabalho, presente à festa. Na enorme casa, que possui até campo de golfe, coisas estranhas começam a acontecer, até que o fiel da balança começa a mudar de inclinação. Se é Claire a pessoa que dá o equilíbrio a Justine, a proximidade do fim do mundo, já antevisto no início do filme, traz Claire ao desespero, enquanto a sua irmã a consola.

Uma coisa fica clara. Não são os laços matrimoniais os elementos capazes de trazer algum tipo de conforto em momentos de crise, mas os de consanguinidade. Pelo menos na cabeça do diretor, que também assina o roteiro de Melancolia.

Bem, poderia ainda escrever muito sobre essa produção, mas não quero estragar a supresa da narrativa, que é capaz de transpor da tela para o público toda a carga de emoção sentida pelos personagens. Se estiver triste, ou de alguma forma sensível além do normal, melhor não assistir. Não vai fazer bem.