segunda-feira, setembro 19

La Tête en Frich (Encontro com Margueritte)


Faz tempo que assisti a esse filme. Mas fiquei meio que sem tempo, vontade, jeito, de escrever sobre ele, talvez por não está sentindo confortável pelas ideias que são levantadas pela trama. Gerard Depardieu vive o personagem Germain, um homem simplório, semi-analfabeto que mora em um trailler nos fundos da casa da mãe, com que tem um relacionamento um tanto conturbado. Ela foi mãe solteira e atribui parte da sua infelicidade a essa situação.

Germain vive de bicos, namora uma motorista de ônibus bem mais nova, mas sem perspectivas de mudanças. Quer seja através de um casamento, ou por mudança de status. Seus amigos, tão simples quanto ele o adoram em conversas de mesa de bar, nos finais de semana. Mas Germain tem um passatempo que vai trazer profundas transformações em sua vida. Diariamente, ele se diverte indo até um banco de praça, conversar com uns pombos que lá pousam. 18 a0 todo, que são chamados por nomes próprios.

Em uma tarde de sol, ele está na praça e começa a contar as aves, quando uma voz de uma senhora, diz que já os contou. A c0ntagem está correta e se inicia uma conversa entre Germain e Margueritte. Ela uma professora aposentada, culta com quase noventa anos, e ele, um cinquentão acostumado com as agruras de sua existência. Só que desse contato casual surge uma amizade que se fortalece aos poucos, a partir de trocas de experiência. Com ela, Germain desperta o interesse pela história, em seguida por leitura e pelos livros.

As transformações nele são muito evidentes. Germain passa a refletir mais sobre os significados das coisas que o cerca, até que Margueritte adoece. As flores que ele vai levar ela, em seu leito de hospital é visto por sua namorada, que se enciuma ao saber que o ramalhete tem outro destino que não as suas mãos. Enquanto as ideias de Germain vai se clarificando com o contato com a velhinha, os nós de sua vida também vão sendo clareados pelo desenrolar da trama. Passamos a compreender que nada é tão feio quanto parece, há sentido em muitas das desavenças que pontuam o avançar da história. Abre-se o espaço para um amor verdadeiro, além do carnal, da atração entre sexos opostos. E nesse limiar que está a grande riqueza desse belo filme.

Por esses dias assisti também O Planeta dos Macacos, O Homem do Futuro, A Árvore da Vida e Nada Vai dar Certo. Os dois primeiros são até assistíveis como diversão. O terceiro é preciso ter paciência, já o último, corra dele.