sábado, abril 9

Trágica inevitabilidade

Como já deve ter percebido, a postagem anda escassa, que nem o meu tempo. E o que está me sobrando ainda tenho de dedicar ao estudo. Sobrando bem pouco mesmo para eu dispor aleatoriamente, como eu tanto gosto. Mesmo assim, ainda consegui ver dois filmes este final de semana, aBruna Surfistinha, que não valeu o tempo investido e Homens em Fúria. Esse muito intrigante e rico pelas questões que levanta.

Mas o que me motivou mesmo a postar foi uma declaração que ouvi de um tal Mário Sérgio não-sei-lá-o-quê, em um programa de entrevista da Globonews. Apresentado como filósofo, ele foi instado a falar sobre a chacina de Realengo. Com uma voz impostada, daquelas recém saída de um fonoaudiólogo, disse que a única coisa que se poderia dizer da tragédia era que Welington Menezes de Oliveira foi um assassino. Hã? Como assim, cara pálida? Tanto estudo e não consegue afirmar mais do que o óbvio e ululante, que qualquer criancinha mininamente alfabetizada saberia dizer?

Sei não. Acho que a Globonews e a rede Globo estão escolhendo muito mal os seus intelectuais orgânicos. Esse mesmo senhor, no dia seguinte, surge no Jornal Hoje e lança ao ar mais uma série de sensos comuns rasos sobre o tenebroso caso que repercute até hoje em todo o mundo.

Assassinatos em massa em escolas, praticados por indivíduos descontentes com as suas próprias vidas já foram produzidos em diversas partes do mundo. Até em países com mentalidade pacifista, como a Noruega, já registraram sinistros desta ordem. Até então, havia pessoas que pensavam que a índole do brasileiro iria afastar crimes de tamanha magnitude. Mas o fatos estão aí para desmentir. O homem é capaz de replicar toda sorte de comportamento em qualquer ponto do planeta. Basta tão somente ter a ideia, os meios e as motivações, por mais estapafúrdias que possam ser.

Não há comportamentos suficientemente estranhos, doentios, bizarros que não sejam sempre replicados. O homem tem uma facilidade muito extensa de assimilar estruturas sociais ou sociopatias. Tudo vira modismo, cultura, personalidade. Não é por acaso que somos o que somos. Estamos imersos em um grande calderão e praticamente nada ou muito pouco do que somos vem de nós mesmos, de nossas raízes, de nossa alma.

O próprio sistema econômico vive de impor desejos e vontades. A economia, para crescer, precisa vender, e ter para quem vender. São os meios de comunicação que nos bombardeiam diária e incessantemente, gerando a todos desejos irrefreáveis de consumo. E isso foge o controle. Por mais que se diga que comportamentos como de Welington são indesejáveis, deploráveis, execráveis, haverá de ter adesão. E não se espante se em breve os noticiários novamente estiverem dando informações sobre mais um dia de terror estabelecido por algum enfermo das ideias. Memeticamente falando.

PS. Enquanto escrevia este post, soube de mais um assassinato massivo na Holanda. Então nem foi uma previsão, mas uma constatação do que já pensava.

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