segunda-feira, maio 14

No princípio era o verbo. E no final?


Nada do que você vê, do que você sente, do que você ouve, ou qualquer informação que venha dos seus sentidos é verdadeiro. Tudo não passa de um processamento de informações do meio por uma limitadíssima máquina. Nós mesmos. Enxergamos pior do que os pássaros, sentidos odores felinos, ouvimos menos do que os canídeos. Facilmente perdemos o nosso senso de orientação. Uma tartaruga marinha ou um salmão é capaz de localizar o exato local onde nasceu anos depois para procriar e garantir a perpetuação da espécie. Os bebês, e até as crianças guardam nada ou muito pouco de um passado recente. Pássaros como pombos correios são capazes de voar centenas de quilômetros de volta ao seu lar, sem usar bússola, gps, ou mapa.

O que nos faz superior como espécie animal é o nosso cérebro com nossa capacidade de interpretar dados. Mas se nada do que pensamos ou refletimos também não tiver amparo da realidade suprema? A gente imagina sólido como sólido, líquido como líquido, gasoso como gasoso. Mas se estas três formas sequer existissem? Basta lembrar que pela química convencional existe mais nada em qualquer matéria do que substância concreta. Os espaços entre os elétrons e os núcleos dos átomos são bem maiores do que o tamanho das partículas. Já li, não sei bem aonde, que se todos estes espaços fossem suprimidos, o planeta terra não teria tamanho superior a uma dessas laranjas amarelinhas que se compra em qualquer feira.

Então, se há tanto vácuo na própria matéria porque simplesmente não atravessamos um parede ao invés de procurarmos uma maçaneta para abrir uma porta? Segundo os especialistas do ramo, é porque os átomos formam determinado campo magnético que torna os corpos impenetráveis. Eu tenho cá minhas dúvidas sobre estas teorias. Para corroborar com o que eu penso, é bom que se diga que o mais avançado estudo em termos de física é o princípio da incerteza. Então, na realidade, tudo é incerto e possui endereço incerto e não sabido. Apesar dos pesares do mundo.

Até agora, estamos no campo do tangível. Mas isto dá uma pequena amostra do quanto estamos longe de conhecer a verdadeira verdade, como diria Tony Garrido, nos primórdios do Cidade Negra. Quem tiver interesse em conhecer como realmente é o universo não dará grandes passos se pensar só com os miolos entre as paredes cranianas, creio eu. Nem com os de 10% normalmente atribuídos como massa pensante cerebral, ou com qualquer outro coeficiente que exceda a este quantitativo.

Há de se aprender a captar o que universo realmente tem para nos mostrar com outros olhos. Não falo do terceiro olho dos budistas. Mas certamente será bem mais avançado do que o já falado, pesquisado, estudado, especulado, imaginado até hoje. Não caminhamos até tão longe para apenas contemplar.