quarta-feira, agosto 8

O que foi mesmo?


A realidade é absoluta? Existe uma verdade imutável e tangível? Desde que o homem descobriu a física quântica que tem como princípio a incerteza sobre a posição ou a velocidade de determinada partícula parece que tudo relativizou-se. Não só os conceitos sobre o universo material conhecido, como também os valores sociais. Já vi antropóloga questionando até a presença do extinto materno na raça humana, como se este fosse um comportamento apreendido e não herdado genética ou espiritualmente.

Não é tarefa fácil compreender as forças que regem o universo. A saída mais simples para as perguntas fundamentais seria definir que tudo acontece por acaso. A vida surgiu sem nenhuma finalidade específica, foi tão somente um acidente provocado por uma série de fatores aleatórios. Fatores estes que, dependendo das circunstâncias, poderiam se repetir aqui e ali.

Se tudo tende a dispersão e a desorganização, por que algumas coisas têm uma arquitetura tão perfeita, incapaz de ser imitada pela mão humana? Uma vez ouvi uma frase que diz mais ou menos assim: “Acreditar que tudo se formou a partir de um big bang, é o mesmo que imaginar que de uma explosão em uma gráfica poderá surgir um dicionário”. Nas questões de probabilidades todos os cálculos para justificar a existência do universo soam absolutamente grotescos. E imaginar que estamos sós no meio da imensidão é considerar um monumental desperdício de espaço, como diria determinado personagem no filme de Robert Zemicks.

Amplidões tão imensas têm ecos perceptíveis no mundo microscópio, ou infra-microscópio. Olhando para o céu o homem imaginou a existência do sobrenatural. Pelo menos na maioria das culturas conhecidas sempre há o espaço para a divindade, por mais equivocada que possa ser a sua representação intelectual. E o que antes era fruto da inspiração humana, passou a ser um traço herdado através das gerações. A fé não parece mais ser uma relação íntima com o superior, mesmo ainda sendo. Os espertos de plantão também viram a forma de transformar em dominação o contato com o que não é visível aos olhos. Criou-se religiões, sumo-sacerdortes, estados teocráticos e neste esteio surgiu também a mercantilizaçao da fé, devolvendo à sociedade o estado laico, por força de circunstâncias meramente comerciais.

Logo o homem passou a questionar a existência da divindade como forma de se libertar da idade média, onde cabia a meia dúzia dirigir todo o processo de aculturação da sociedade. Quem não lesse na cartilha destes poderosos religiosos era considerado herege, podendo pagar com a pena capital, a não ser que fosse amigo de alguém influente. Giordano Bruno não teve a mesma sorte que Galileu e pagou com a vida a sua determinação em se fidelizar a sua forma de ver o mundo.

A fé parece aos ateus como uma forma de se conformar com a mortalidade da matéria. Buscar um conforto além do horizonte conhecido para suportar a degeneração do ser. Uma busca de explicar o inexplicável ao mesmo tempo se imortalizar alem do túmulo. Porém há ainda questões que desafiam a compreensão cientifica. Pesquisas demonstram que as pessoas possuidoras de fé conseguem sair mais rápido de hospitais ou até curas consideradas impossíveis. Há que diga que isso e tão somente o poder da mente ainda não totalmente mensurado que teria condições de tais proezas.

Só que, ao mesmo tempo, a historia não registra que pessoas que se dedicaram totalmente a desenvolver poder mental que na hora do vamos ver consegue algum resultado parecido com aqueles de pessoas movidas pela crença do divinal. A fé baseada somente em motivações pessoais, sem nenhuma comprovação cientifica acadêmica de sua validade, ainda causa espanto em quem presencia os seus efeitos.

Mas escolher ter fé ou não é questão de foro íntimo pessoal e intransferível. Mais que comprovada por experimentações a existência de forças que não estão mensuradas no plano físico. Muitas vezes a ciência não ortodoxa se aproxima de determinados campos do conhecimento empírico para obter resultados desejados. É o que se pode constatar através da medicina homeopática, acupuntura, meditação e outras experimentações correlatas. O estudo ocidental quando se debruça sobre os resultados obtidos com estas práticas simplesmente ou desconhece os efeitos daí advindos ou pira nas batatinhas.

Um determinado pesquisador japonês já comprovou que a água é capaz de registrar as vibrações resultantes do pronunciamento de determinadas palavras. Já é possível se detectar o corpo energético através de fotografias kirlian. Está comprovado cientificamente que 70 por cento do universo é composto de nada, seja lá o que isso quer dizer. Partículas desconhecidas são formadas em choques de matérias, que desaparecem sem deixar vestígios da mesma forma que surgiram. Quanto mais o homem avança em suas pesquisas menos ele entende o essencial, se levar em consideração somente o que a ciência tem a dizer sobre o estado de todas as coisas.

Há quem diga que não tem fé simplesmente porque este seria um estágio anterior ao conhecimento da existência da divindade. Mas saber da presença de Deus no universo não é o mesmo de ter fé nele. Saber da sua existência não é colocar fichas nas possibilidades de suas realizações. Ter fé é o exercício do contato com o íntimo do próprio ser que se linka com a energia que emana do universo. Muitas pessoas têm isso com a simplicidade de quem abre uma geladeira para beber um copo de água. Outras, precisam abandonar muitas coisas com que compôs o próprio ego, desnecessariamente.

3 comentários:

Fátima Abreu disse...

Olha amigo, eu estou nessa de abrir a geladeira e matar a sede do conhecimento, mas antes de tudo, saciar-me sem necessariamente esperar que algum estudo científico diga que estou no caminho certo. Belíssimo texto! um abraço.

Unknown disse...

ótimo texto!
Escrevi algo de sertão no meu blog.
Lembrei de vocÊ ! então dÊ uma olhada e vÊ o que acha.

Grande abraço

Anônimo disse...

Respeite a inspiração!

As pessoas vivem atrapalhadas porque não não sabem....

Eu conheço uma moça que se diz atéia, mas acredita que existem energias positivas (construtivas) e negativas (destruidoras)... penso que às vezes o que incomoda algumas pessoas é este formato preestabelecido de deus geralmente adotado no ocidente: o velhinho de barbas brancas, em seu trono de ouro no céu, enquanto as igrejas que professam em seu nome fazem as maiores atrocidades, alimentado-se da fé cega de seus adoradores...

lembrei foi daquela música que fala assim: "Alma vai além de tudo que o nosso mundo ousa perceber..."