sexta-feira, dezembro 30

As canções



Pessoas simples, histórias comuns, emoções semelhantes, permeadas por músicas em sua maioria vitrolões. As canções, de Eduardo Coutinho, poderia ser batizando de Sentimentos. O diretor desse documentário lança um olhar delicado, poético e sensível sobre momentos marcados por canções de cada personagem real que nos é apresentado através do filme. São pessoas anônimas mas com passagens universais de suas vidas. Perdas, amores desfeitos, relacionamentos impossíveis e efêmeros, mas que no entanto marcaram para toda vida, respectivamente acompanhados de uma trilha sonora.

Sentados em uma cadeira sobre um palco, tendo como pano de fundo cortinas, os personagens-pessoas desfiam suas histórias, e cantam as músicas, sem nenhum acompanhamento instrumental, que ajudam a avivar o momento e as emoções. Não raro, vertem lágrimas impulsionados pelas lembranças. É comovente para qualquer um as cenas mostradas, meio que força a nós, plateia passiva, a buscar em nosso interior experiências correlatas nossas, ou em pessoas que fazem nosso cotidiano. Eu particularmente, me vi remetido em muitos momentos. E quase que canto uma velha música.

São apenas 90 minutos que passam incrivelmente rápido. E uma fala me chamou a atenção. “Como ter lembranças sem música?” Em mim, não funciona exatamente assim. Há muitas coisas vivas, que ainda preciso acrescentar uma trilha a elas. Mas, sem dúvida, assim como os cheiros, a música fala diretamente ao coração.

Infelizmente, não há uma cultura de se assistir documentários. Uma sala de exibição praticamente vazia, na única sessão do dia é um tanto quanto melancólico. Principalmente quando a gente identifica tanta qualidade na produção que assistiu. Realmente lindo.

PS. Algumas pessoas me falaram de outros filmes, que poderiam figurar entre os 10 melhores. Acontece que não incluí os que vi em 2010, como Cisne negro, Bravura Indômita e outros, que foram disponibilizados antes de chegar às salas do país.

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