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sexta-feira, janeiro 28

Antes que o Mundo Acabe


Não costumo postar duas vezes no mesmo dia, mas, como o cinema de arte do multiplex do Iguatemi vai exibir "Antes que o Mundo Acabe" este final de semana, senti vontade de falar alguma coisa. É um filme gaúcho que marca a estréia de Ana Luiza Azevedo na direção. Conta a história de adolescentes que começam a enfrentar os primeiros problemas da vida adulta.

Daniel, 15 anos, de classe média é filho de um fotógrafo, que tem o seu mesmo nome, que está na Tailândia, participando de um projeto fotográfico que dá o título do filme. Ele não conhece o pai. Nunca viu, e trata como pai o atual marido de sua mãe. Tem uma irmã, Maria Clara, que é mais ou menos o alterego infantil da história.

A trama é bem costurada. A namorada de Daniel, Jasmim, resolve dar um tempo e fica com o amigo de ambos, Lucas. Um menino pobre, mas considerado exemplo na escola Dom Bosco, onde estuda com uma bolsa. O rompimento de Jasmim mexe com o ego de Daniel, que passa a receber cartas de seu pai, que se encontra enfermo na Tailândia. A princípio ele reluta em abri-las mas a curiosidade o compele a conhecer o conteúdo das correspondências.

Daniel passa então a ter o primeiro contato com o pai, a partir do que vem nas cartas, fotos e textos escritas a máquina de datilografar, dessas bem antigas, passa a conhecê-lo melhor, e a suas motivações.

Ao mesmo tempo que o roteiro se enfronha nessa relação incomum entre pai e filho, vai nos desvendando os valores e princípios dos jovens envolvidos na trama. Daniel conhece depcepção amorosa, toma o seu primeiro porre e também chega a furtar três bombons em uma viagem a Porto Alegre, acompanhado de seus amigos Lucas e Jasmim.

Todas as questões são abordadas com leveza, que acredito ter a ver com a mão feminina que conduz a direção. Não faz juizo de valores e mostra como as falhas humanas podem ser absorvidas sem que haja bons ou maus, fortes ou fracos. Tudo faz parte de nossa natureza. Antes que o Mundo Acabe vale a pena ser visto, independente da idade que você possa ter. Muito belo o tratamento dado a uma cidade do interior gaúcho, onde o principal meio de transporte é a bicicleta. Este filme ganhou alguns prêmios na Alemanha, no Uruguai e em são Paulo. Recomendo.

Direção: Ana Luiza Azevedo
Roteiro: Paulo Halm,Ana Luiza Azevedo
Elenco: Janaina Kremer (Elaine), Eduardo da Luz Moreira, Pedro Tergolina

sábado, maio 22

Apenas o Fim


Há muito tempo (mais de um ano) procurava para download Apenas o Fim. Esse filme ganhou o prêmio do público do Festival do Rio de 2008 e menção honrosa do público. Duas vitórias absolutamente inúteis quando se trata de colocar uma produção local em circuito nacional. Não chegou nem perto de ser apresentado pelas bandas de cá do país, mesmo a gente tendo alguns points alternativos na cidade. E três vivas a Internet que mais uma vez me proporciona a possibilidade de compartilhar os bens culturais digitais. E deixar de ser um pouco menos tão periferia da humanidade.

Essa semana, finalmente, localizei uns links do filme. O primeiro, inútil. Depois de algumas horas descobri que o filme linkado era outro. Frustração. Mas a segunda tentativa foi ainda mais cruel. Um site meio mambembe disponibilizou numa velocidade de matar tartaruga de tédio. Entre 6 e 14 kbs. Ou seja, mais de 24 horas para por Apenas o Fim no HD, e ainda com a possibilidade de ser novamente ludibriado. Mas nem fui, com a graça de todos os santos protetores das conexões da net.

Geralmente grandes expectativas são as antecessoras de frustrações da mesma monta. Ou embotam tanto com os sentidos que não raras vezes o que vier é considerado o supra sumo da criação de Deus. Algo um show dos Back Street Boys. Ótimo para mentes mexidas pela a adrenalina da insensatez e falta de bom senso ad infinitum.

Não é o caso com Apenas o Fim. Toda a espera foi recompensada, com créditos. Um roteiro sem grandes pretensões mas que por causa disso mesmo mostra a genialidade do simples. Traz a história de uma menina que quer traçar o seu próprio rumo, mudar de vida, ser alguém que consiga se liberar do padrão socialmente posto a todos nós. Mas, para isso, tem de romper não só com o seu passado mas com um namoro. Do nada, precisa explicar ao seu namorado que já deu, que a sua necessidade de transformação precisa de fato acontecer, ou ela explodirá em plena luz do dia. Não literalmente, é claro.

Dá a ele o prazo de uma hora, que é quase a duração do filme, e oferece duas alternativas: ou transar pela última vez ou passar o tempo em seu último diálogo. A princípio, ele pede os dois, mas diante da situação que se apresenta, um desfecho de um relacionamento, fica com a segunda possibilidade. E na hora que se segue procuram ser o mais sincero um com o outro, ao mesmo tempo que absorvem com a calma necessária tudo o que o outro tem a lhe dizer. A vida a dois em revista, sobriamente.

Dificil não se identificar com algum ponto da trajetória, de não achar que já viveu alguma coisa semelhante ao longo de nossos próprios relacionamentos. O filme, em nenhum momento, resvala para o dramalhão ou na busca de arrancar lágrimas da platéia. É divertido, consequente. Um bom momento para a gente passar em revista nossos próprios sentimentos. E também aprender que determinadas decisões em nossas vidas devem ser tomadas enquanto a gente é novo. Enquanto há tempo para se recompor. Mais sobre o filme pode ser lido no site omelete. http://omelete.com.br/cinema/critica-apenas-o-fim/, que é citado em Apenas o Fim. Como é triste saber que obras como essa demandam tanto esforço e paciência de minha parte para que a gestalt seja fechada.