terça-feira, agosto 12

Contingências



Eu aprendi a desconfiar de pessoas que não gostam de escrever. Não que eu ache que todo mundo deve de alguma forma se expressar através de textos, afinal vivemos em um país de analfabetos, onde conhecer a escrita é ainda um luxo. Mas eu acho que aqueles que evitam de toda forma uma exposição do seu pensar de forma mais perene tem alguma coisa errada. Ou algo a esconder, ou medo de se comprometer.

Existem, como todos sabem, estudos os grafotécnicos que apontam traços da personalidade pela forma como cada um escreve. Isso é fato. Mas hoje em dia, praticamente ninguém perde tempo em desenvolver as idéias utilizando caneta. Então não são mais as formas das linhas que podem indicar como somos, mas as nossas próprias idéias quando expostas.

Quando se fala, é fácil dizer que não foi entendido corretamente, que se falava dentro de um contexto, ou que simplesmente trocou as palavras na hora de pronunciá-las. Mas quando se escreve, com todas as possibilidades de releituras, de deletes e backspaces, fica complicado de se falar em falha de interpretação.

O medo de escrever é o medo de si próprio. De expor um lado que quer se manter oculto. Medo do compromisso com o perene. Às vezes é tão somente o desejo de manter abertas todas as portas que levam às múltiplas faces. Poder dizer idéias contraditórias em momentos diferentes e não ser pego em flagrante.

2 comentários:

Mosana disse...

Nossa.. que profundo.
Não sou de me expressar sempre.. ou corretamente.. ou da maneira como gostaria.. mas tento.
Adorei o textoooooooooooo!
Kissesssssssssssssssssssssssssssssssss

Anônimo disse...

Você sabia que eu sou mais sincera quando escrevo? Será por que eu não estou olhando ninguém nos olhos?

Ou será por que ninguém está me cobrando?