sábado, julho 21

Cobra que não anda...

Minha amiga Karina, hoje deve estar descendo umas ondas lá pelos lados de Taíba. Pelo menos foi o que disse, na última quinta-feira, quando a gente se encontrou para comer uns carangueijos na praia. Kaká, apesar de morar aqui algum tempo, ainda não perdeu muito dos trejeitos paulistanos. Tipo mandar todo mundo tomar naquele canto, ou não entregar os pontos tão facilmente, a là Joseph Klimber.

Foi exatamente isso que ela fez, ao retornar na terça, de São Paulo, após umas longas férias. E quase que fica por lá, mas aí já é outra história.

Ao desembarcar no aeroporto, viu que a sua inseparável prancha não foi colocada na esteira das bagagens. Todo mundo indo embora com suas malas e só ela ali esperando, esperando, e nada mais caindo na rotativa. Dirigiu-se ao responsável pelo setor e perguntou pelo restante dos volumes do seu vôo.

-É que ta faltando uma prancha...
-Um momento, vôo perguntar.

O funcionário passa um rádio para a pista, e avisa pra Karina que não há mais nenhuma bagagem para o destino.

-Mas moço, tem a minha prancha sim, eu vi quando ela foi colocada no avião!
-Olha, eu já mandei verificar e nada foi encontrado!
-Mas eu vi, e eu quero a minha prancha, não saio daqui sem ela!
-Se quiser invadir a pista fique a vontade!!!

Falou aquele funcionário do alto da sua empáfia, travestido de autoridade máxima do aeroporto naquele momento. Certamente, ele teria escolhido melhor as palavras se soubesse melhor quem era a Karina, ou melhor, do que ela seria capaz.

A última frase do cidadão foi a deixa pra Kaká passar pelo buraco por onde passa a bagagem e, puxando a sua mala de rodinha, invadir a pista. Foi até o avião que pensava ser o seu e se certificou aos gritos com o flanelinha de aeronaves que transita pelo estacionamento de tapa-ouvidos.

-ESTE É O VÔO DA TAM VINDO DE SÃO PAULO?????
-É SIM!
-POR FAVOR, PODE DAR UMA OLHADA PARA VER SE TEM UMA PRANCHA AÍ?

O flanelinha falou com o descarregador de aviões. Ele, no fundo do bagageiro, localizou a prancha, que afinal chegava às mãos da sua legítima dona. Nisso, o outrora todo posudo funcionário chegava ao local esbaforido, para ver a face vitoriosa da Kaká, ao conseguir sucesso no resgate. Ao voltar novamente a sala de desembarque, ela ainda foi abordada por um agente da Polícia Federal, mas não deu nenhuma confiança a ele, apesar do coração disparar. Ele só perguntou qual era o vôo dela e obteve a resposta sem conseguir deter os seus passos apressados.


A mãe, que do saguão do aeroporto assistiu boa parte do causo, com a voz calma só disse: “minha filha, por que você fez isso". Foi quando ela explicou que não foi só pela prancha que tomou aquela atitude, mas também porque junto havia 12 calcinhas novas e ainda uma roupa de borracha que havia ganho em Ubatuba.


Kaká, com seu sorriso indefectível, invade pista de aeroporto em meio a mais grave crise aérea já vivida por este país.

3 comentários:

Fátima Abreu disse...

Eu não gostaria de estar na pele de nenhum dos dois.

Anônimo disse...

hahahahaha!!!!!
Sabendo da história, nem fica difícil imaginar quem tinha sido a protagonista! Por isso que eu gosto tanto da minha amiga kaka (ela é única!)...

Anônimo disse...

Pense numa menina corajosa!! hehehe! E conseguiu o que queria! Muito legal! :)