Tomboy é a expressão em inglês que designa meninas que se vestem e se portam como meninos. E é assim que a protagonista deste filme, Laura (Zoé Héran) é, é apresentada. Logo na primeira cena, ela está com o pai, que dirige o carro, quando é colocada no coloco para assumir o volante, coisa que se faz, geralmente com os filhos e não com as filhas. A família está de mudança para os arredores de Paris.
Ao chegar em seu novo endereço, Laura assume para as crianças da vizinhança a personalidade masculina e se apresenta como Michel. A sua aparência e as vestimentas a auxiliam a desempenhar esse papel. Logo é aceita nas brincadeiras dos meninos e mais que aceita por Lisa, uma menina que se apaixona pelo novo “menino” do quarteirão.
Tomboy é bem rápido. Em pouco mais de 70 minutos toda a trama e desenvolvida, mostrando a vida de uma jovem, com pouco mais de 10 anos, que não aceita muito bem a sua condição feminina. Mas isso, no lar, passa a ser um segredo entre ela e a irmã mais nova. A questão da homossexualidade é só arranhada pela trama. Ela apenas demonstra uma satisfação mínima ao ser beijada por Lisa.
Por se tratar de uma criança, ficamos na dúvida se o papel masculino escolhido por Laura é apenas uma tentativa de ser aceita pelo grupo de meninos, ou se há mesmo inclinações mais acentuadas para o lesbianismo. O filme foge dessa questão, e procura apenas apresentar o caso, sem buscar origens ou respostas definitivas.
Roteirizado e dirigido por Celine Sciamma (Lírios D’água), Tomboy tem uma pegada suave, sem procurar nos desestabilizar de nossa função de público. Apesar de ter um cenário contemporâneo, o filme nos remete ao tempo que os pais eram capazes de dar o ajuste necessário à personalidade dos filhos, sem recorrer a psicólogos, ou ficar pondo as mãos nas cabeças e perguntando aonde erraram na educação de suas crias. É um filme interessante, mas que a sua maior virtude, não produzir julgamentos nem apontaram culpados, talvez seja também a sua maior fragilidade.
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