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O Anticristo de Lars Von Trier é estranho. Aliás, o diretor é estranho. O filme foi chamado de A Bruxa de Trier, mas para mim está mais para Downloanding Terror. Deveria ser terror, mas não o é. Em nenhum momento a porta para o além é tocada, nem há nenhuma demonstração de que passos serão dados nessa direção. O mal não é abstrato ou uma entidade ectoplasmática. Ele surge de dentro dos protagonistas.
A história envereda pelo caminho do sadomasoquismo explícito. O sexo é explícito e a violência também. Um bebê que recém iniciou a caminhar se lança no espaço de uma janela aberta, enquanto seus pais transam. O trauma na mãe é tão violento que ela precisa de um mês internada em hospital psiquiátrico para se recuperar, minimamente. Mas ela não está tão curada assim, como vemos no segundo ato.
A idéia é causar desconforto na platéia. O marido psicólogo, que procura usar seus conhecimentos profissionais na busca da recuperação da esposa transita entre vítima e algoz. Ninguém sofre por nada. Todos levam dentro de si alguma culpa.
O Anticristo não é filme imperdível, nem daqueles que vão ser facilmente lembrados dentro de alguns anos. Não recomendo para quem acha Lars excessivamente pedante, hermético ou de linguagem arrastada e cansativa. Melhor buscar outra diversão. Mas se você quiser ver um retrato de algumas paranóias que estão se tornando populares nos meios de comunicação, é só clicar e baixar o filme e a legenda.