domingo, setembro 21
Paella de domingo e outras frases que não vão a lugar nenhum
Um domingo comum, às vésperas da instalação da primavera no hemisfério sul. Para quem mora há apenas 4º de latitude sul, não faz lá muita diferença. Mas faz. A natureza, mesmo que de forma muito pouco acentuada, se prepara, produz flores sob o sol quase equatorial. E essas transformações sazonais do cenário implicam em mudanças também nas pessoas, já que estas, mesmo com tantas atitudes procurando negar a lógica natural das coisas, ainda estão sujeitas às leis universais como todos os demais seres.
Mas que leis são essas? Não sei bem ao certo, mas faço alguma idéia. Sei que as leis sociais, também subordinadas ao ciclo do poder universal, também se transformam. O que era ideologia dominante, com a organização de grupos antagônicos, passa a ser substituída por novas idéias. Assim caiu o absolutismo, quando o pensamento de um único homem se sobrepunha a vontade coletiva, trocado pela democracia burguesa. Esta cedeu espaço para outros tipos de estados, em momentos houve espaço para a ditadura, economia de mercado, sistemas socialistas, comunistas, fundamentalistas.
É a eterna luta pelo pensamento hegemônico. Hoje, a velocidade das transformações acelerou ao ritmo da difusão das informações. Toma-se conhecimento dos fatos à velocidade da luz, sem espaço para reflexão sobre a finalidade dessa explosão de dados, fatos, fenômenos, à nossa porta. Se há bem pouco tempo o mundo era avesso a determinados comportamentos, escondia seus feios sob o tapete, a moda agora é exibi-los a exaustão, mostrando que se busca a pseudo igualdade entre os desiguais. Se antigamente as mulheres não podiam sequer votar, hoje não só o voto é estimulado, como existem leis para assegurar candidaturas femininas.
E não fica só nisso. Passeatas gays (até bem pouco tempo considerados excrescência da sociedade) se transformam em eventos sociais e turísticos à luz do politicamente correto. Mulheres strippers, atrizes de shows de sexo, donas de clubes de swing são candidatas com as propagandas distribuídas enfatizando as habilidades pessoais e profissionais de cada uma. Como na eleição passada uma desse grupo foi eleita com votação bem expressiva, crêem que o sucesso nas urnas será conhecido.
Mas eu, como bom cidadão de costas para o que eu não quero nem posso transformar, prefiro investir o meu tempo em contato com os meus bons amigos que me aceitam como tal. Vou correr para o fogão e preparar mais uma paella dominiqual, enquanto filosofo sobre a vida, o universo e tudo mais. Sejam felizes sobreviventes da máquina de aceleração de partículas.
* A paella da foto é meramente ilustrativa, apesar de ter sido preparada sob a minha regência em outro domingo...
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