domingo, janeiro 2

Da série É por Isso Que Não Leio Jornal

No Jornal O Povo de hoje foi publicada essa pérola sem pé e sem cabeça.

Como evitar neve no Sri Lanka

Tal como aconteceu no roteiro do primeiro longa-metragem norte-americano da série Aeroporto (Airport), de George Seaton, em 1970, nevascas, uma ocorrência comum nas passagens de ano do Hemisfério Norte, mas extrapolando esta temporada na intensidade, possivelmente devido as consequências do aquecimento global, tumultuam o tráfego de aviões nos terminais aeroviários entre o Polo Norte e o Trópico de Câncer.

Um dia desses, causou estupefação a este autor assistir a um telejornal com imagens do gelo nas pistas de aeródromos da Europa. Taxiava na ocasião aeronave da SriLankan Airlines companhia de aviação civil do Sri Lanka, país denominado de Ceilão até 1972. O espanto decorreu de que, de 1983 a 2009, a ilha foi abalada por guerra civil na qual a minoria populacional tâmil tentou implantar uma nação em separado da maioria demográfica cingalesa, no Norte e no Nordeste do território. Um dos alvos dos guerrilheiros tâmeis eram os aeroplanos da SriLankan, sendo pelo menos um dinamitado ao meio no aeroporto da ex-capital Colombo. Atualmente, a sede de governo é Kotte, oito quilômetros a sudeste. Hoje, a SriLankan interliga o antigo Ceilão a 49 destinos em 31 países diferentes.


Antes da supracitada guerra civil, o Sri Lanka era talvez o país pobre mais bonito de se visitar. É só conferir nos cartões-postais. Numa época em que o inverno da Europa e da América do Norte complica chegadas e partidas nos aeroportos, bem que os viajantes com dinheiro, incluindo brasileiros, pudessem agendar o que os portugueses chamavam de Taprobana, citado na primeira estrofe de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. A influência lusitana foi tanta que, até hoje, há palavras decorrentes da presença portuguesa, incluindo de Colombo ao sobrenome Fonseka.


Foi o então Ceilão escolhido moradia para sempre do autor de 2001: uma odisseia no espaço (2001: a space odissey), o inglês Arthur C. Clarke (1916-2008). A ilha é berço também de um dos cineastas de maior importância do mundo, Lester James Peries, ativo a partir de 1956. Infelizmente, apenas um dos filmes dele teve apresentação no Brasil, A mansão do lago (Wekanda walawa), de 2002, adaptação da peça russa O jardim das cerejeiras, de Tchecov, exibido em uma das mostras internacionais de cinema em São Paulo.


Talvez a maior curiosidade sacro-turística do Sri Lanka seja o pico de Adão. Lenda local garante que após a expulsão do Paraíso, Adão escolheu a ilha para morar. No alto do monte, num mosteiro budista, existe uma pegada de dois metros de comprimento que os monges e os fiéis atribuem ser do próprio Sidarta Gautama. Cristãos a identificam como rastro de São Tomé. Além de muçulmanos preferirem ser marca de pé do próprio Adão.

Frederico Fontenele Farias

Nenhum comentário: