Os irmãos Cohen, que assinam a direção e o roteiro deste filme, estarem novamente disputando o Oscar não é nenhuma novidade. Eles já conseguiram arrebatar a estatueta com o caldo de bila "Onde os Fracos Não Têm Vez", em 2007, e disputaram novamente o prêmio no ano passado com o enfadonho "Homem Sério". São os queridinhos da academia, ao que posso perceber. Mas "Bravura Indômita" é uma produção que tem diferenciais de qualidade.
A meu ver, o principal destaque é a atriz Hailee Steinfeld, que interpreta uma jovem de apenas 14 anos, que toma a frente dos negócios do pai, assassinado por um ladrão de cavalos, e resolve contratar um caçador de recompensas para capturar ou matar o bandido. Ambientado no oeste americano pós guerra da Secessão, em clima de inverno. A atriz se faz verossímil naquele ambiente. Um quase criança no meio de homens por barba por fazer e tendo como o principal meio de comunicação o cano de suas armas, em busca de um assassino, não é uma elemento fácil de se encaixar. Mas o roteiro e a atriz conseguem isso com muita propriedade.
Para quem não gosta de filmes de bang bang talvez fique difícil apreciar essa produção, que já foi também rodada em 1968, tendo como protagonista Jonhy Wayne, que interpreta o papel do caçador de recompensas alcoóltra, agora vidido, de forma irretocável, por Jeff Bridges. Mas não é condição sine qua non ser apreciador do gênero para se envolver com a trama. Principalmente porque o protagonismo do filme mudou de eixo. A história é contada mais sob a perspectiva da contratante.
As cenas são bem cuidadas. Uma que me chamou particularmente a atenção se passa logo no iniício do filme. O caçador de recompensas sai do tribunal e se depara com a jovem que quer a tudo custo contratá-lo.Ele para momentaneamente e começa a enrolar um cigarro de palha. A menina retira o objeto de sua mão e termina o serviço com uma lambida no papel para fechar o cigarro. Antes de entregá-lo ao dono, ainda comenta que o fumo está muito seco, se mostrando conhecedora so produto.
Mas ela apesar de ser muito arrogante, num esforço para se impor naquele mundo absolutamente masculino e machista, dá demonstrações de feminilidade. Ao lhe ser oferecido um café, ela gentilmente recusa, alegando que tem apenas 14 anos e não é afeita ainda a bebida. São essas delicadezas da trama que avivam a qualidade do roteiro e nos metem de cabeça na história que é contada.
Os nódulos dramáticos também conferem ao filme uma dinâmica interessante, sem cair na monotonia que alguns traillers de bang bang nos remetem. A menina não é poupada de nada. Assiste impassível a enforcamentos pela justiça na cidade, enfrenta todo o descaso que uma criança pode passar por conta do seu sexo e pela idade, e ainda vê execuções sumárias diante dos seus olhos. Essa foi a sua formação.
Os irmãos Cohen também não se furtaram de mostrar o tratamento desumano que era imposto aos índios naquelas épocas. Mas isso eu vou contar. Vou deixar para você descobrir. Se você for do tipo totalmente avesso ao gênero farwest, talvez seja perca de tempo, mas se não, vale.
Ficha técnica
- Nome: Bravura indômita
- Nome Original: True grit
- Cor filmagem: Colorida
- Origem: EUA
- Ano de produção: 2010
- Gênero: Faroeste
- Duração: 110 min
- Classificação: Livre
- Direção: Ethan Coen, Joel Coen
- Elenco: Jeff Bridges, Matt Damon, Hailee Steinfeld, Josh Brolin, Barry Pepper, Dakin Matthews
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