quinta-feira, dezembro 30
Cisne Negro
A dança tem sido pouco explorada no cinema, ultimamente. Freddie Astaire e Gene Kelly sairam de cena e deixaram um vácuo. De menos antigo (Gene e Freddie estiveram no auge nos anos 40-50) só me vem a cabeça os filmes Tango (1998) e Carmen (1983), ambos de Carlos Saura e Retratos da Vida (1981), de Claude Lelouch, que traz uma bela dança coreaografada ao som do Bolero de Ravel no final. Ou seja, nada de recente.
O Cisne Negro vem com muita propriedade preencher essa lacuna que não deveria existir. Principalmente para mim, que tenho uma grande admiração por dança. Sempre tive. Sempre gostei. É o que me faz me permanecer sentado diante de um musical hollywoodiano. Este filme, que deve ser lançado em janeiro no Brasil, segundo a publicidade tem no papel principal Natalie Portman, que guarda algumas semelhanças com o seu personagem Nina. Ambas iniciaram-se na dança aos quatro anos e no presente têm a mesma idade.
Nina mora em New York e já está com 28 anos quando surge a oportunidade de ser a primeira bailarina de sua companhia. Filha de mãe solteira que deixou o balé por ter engravidado Nina, provavelmente de seu diretor. O filme não deixa muito claro a paternidade da protagonista, mas sugere isso. Só que o convite para o principal posto do balé Cisne Negro é longe de ser um processo pacífico. Nina asissistiu a antiga primeira bailarina, Beth (Winona Ryder) ser defesnestrada, percebendo todo o jogo de poder e sexo que reina nessas escolhas.
Se ela já não era inteiramente normal, sofrendo nas mãos de uma mãe superprotetora, que teme ver a filha ser vítima de abusos sexuais por seus dirigentes, assim como deve ter acontecido em sua própria vida, seu estresse emocional vai a coeficientes máximos. É muito cobrada pelo diretor que quer uma Nina sensual, e não apenas tecnicamente mera apurada, como Nina demonstra nos ensaios. A pressão ampliar enormemente o temor do fracasso. Por mais que se esforce, não atinge o ponto de desinibição que o diretor Thomas Leroy (Vincent Cassel) deseja. Sua neurose amplia-se e o seu tic nervoso de arranhar as costas involuntariamente com as unhas torna-se cada vez mais angustiante.
A tensão só aumenta quando ela descobre que Lily, a bailarina que é alvo das atenções sexuais do diretor, vai nomeada sua primeira substituta. Nina já a via como rival, e passa a ter pânico em perder o posto, antes mesmo de sua estreia. Com o pânico vêm as alucinações. A direção de Daren Aronofsky decide em não deixar claro para o público o que é verdadeiramente fruto da imaginação de Nina ou realidade. As cenas se confundem demonstrando os efeitos de uma insegurança levada ao limites sobre uma mente que passou por uma educação castradora. Nina também demonstra seu desejo extremado em se transformar uma primeira bailarina quando, antes de assumir o posto, sorrateiramente subtraia alguns objetos da sua antecessora.
As cenas de tensão são intercaladas por plásticos ensaios do balé Cisne Negro. São como um bálsamo na inquietação que o desenrolar do filme provocou em mim. O Gran Finale é a estreia do Cisne Negro unindo a beleza do balé e toda a leva de sentimentos que a expectativa gera nos protagonistas do espetáculo. O final é um pouco previsível, mas não deixa de ter a grande sua beleza.
Curiosidade: O primeiro bailarino, Benjamin Millepied, que interpreta David no filme, e o príncipe, no Balé, é noivo de Natalie Portman, que está grávida do seu primeiro bebê.
O trailler pode ser visto aqui: Cisne negro
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