Chega ao fim o seqüestro de Eloá , em Santo André. Durante toda a semana, os meios de comunicação tiveram farto material para expor em suas páginas, seus horários, seus jornais. A novela, como todas, termina na sexta e no sábado repercute-se o desfecho do caso. A menina em coma profundo, a amiga baleada e o facínora preso. É claro que o politicamente correto não me permite de chamá-lo de marginal. Todos irão tratá-lo como acusado, vítima das circunstâncias, do tipo “isso poderia acontecer com qualquer um”. Reduzem-no a condição de doente. E como tal, precisa de tratamento e não de cadeia.
Tem muita coisa podre no reino da Dinamarca. Não consigo afastar do campo das possibilidades que o seqüestrador Lindenbergue fez o que fez mobilizado pela oportunidade de se transformar em estrela dos noticiários. Claro que isso é só uma hipótese, mas a considero a mais plausível. Os holofotes, em um mundo de anônimos, são para poucas estrelas. Para conseguir as suas atenções é necessário fazer algo surpreendente, capaz de ser vendido como notícia.
E como notícia vai criando no imaginário das pessoas com vocações criminosas novos desejos. Não se admirem se em pouco tempo um novo caso eclodir em alguma cidadezinha supostamente pacata. Se crimes assim causam tanto fascínio em pessoas tidas como normais, ao ponto de prender a atenção de todos horas e dias a fio, imagine os seus efeitos em quem já é psicopata. E ninguém se acha responsável pelos desdobramentos que informações desses crimes, transmitidas a exaustão, causam em nossa sociedade. Com a globalização do mundo, o alcance é quase infinito. Torçamos então pela monotonia de nossas rotina, sem nenhum despertar sobressaltado.
2 comentários:
POIS É, NESTA QUARTA-FEIRA,TAMBÉM EM SÃO PAULO,UM JOVEM MATOU A EX-NAMORADA,DE 15 ANOS,PORQUE A MESMA NÃO O QUERIA MAIS. SERIA O EFEITO ELOÁ?
Profético, cara!
Mas é, de fato, o tipo de fenômeno que se repete em casos análogos.
abs,
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