quarta-feira, dezembro 31
Vamos bater lata
Numa eleição vence o candidato que consegue melhor convencer aos eleitores de que é o melhor, o mais preparado e o mais confiável para atender aos anseios de seus votantes. Parece óbvio mas essas regras, em muito casos, sãos esquecidas e não raras vezes candidatos são ridicularizados pelos resultados das urnas. Comum também é ver postulantes meterem os pés pelas mãos e cometerem sucessão de erros capaz de deixar o barco fazendo água, prestes a ir a pique.
Hoje li a coluna de política do jornal O Povo. É feita uma avaliação do cenário na Câmara Municipal, que amanhã troca de presidente pelo voto. Salmito Filho, do PT teve seu caminho asfaltado, ao longo dos últimos três meses, pela mais completa ausência de um opositor efetivo que pudesse se contrapor aos desejos do petista. De última hora, surge o adversário Elpídio Nogueira, do PSB, irmão do deputado estadual José Sarto (PSB), que é das rodas de cafezinho do governador Cid Gomes.
Pelos laços sangüineos é um candidato de peso. Sarto já foi presidente da Câmara Municipal e tem participado diretamente de todas as articulações para eleições de Mesa Diretora do legislativo da capital. Salvo melhor juízo, sempre com sucesso, desde 1988. Em todas esses momentos contou com o apoio do amigo, quase inseparável, deputado Carlomano Marques (PMDB), que entrou na vida pública ao mesmo tempo de Sarto, como vereador, e chegou a Assembléia na mesma eleição de seu parceiro de andanças políticas.
Para a refrega de agora, os dois superaram antigas questiúnculas por conta de uns votos no município de Amontada. O prefeito de lá, que apoiava Carlomano, passou a render loas a Sarto. O peemedebista acha ou achava que Sarto o cooptou, coisa que o “socialista” jura de pés juntos que não aconteceu. Mas isso já ficou para o passado e ambos têm trabalhado em busca do poder para Elpídio. Esta dupla unida em prol de um objetivo não é pouca coisa e jamais deve ser desconsiderada ou desprezada.
Mas dessa vez, com o bonde andando, não creio que haverá qualquer alteração na paisagem que se mostra amplamente favorável a Salmito. O petista conseguiu tratorar as pretensões do líder da prefeita, Guilherme Sampaio . Este, achando que desdenhar do poder lhe traria a unção de seus pares (numa versão reduzida e caricata da Janio Quadros), ficou a ver do cais navios passando ao largo. Uma inversão de resultado só poderia acontecer com muita competência política de muitas partes. E isso é produto que está em falta. Quem sabe eu queime a língua, e não estarei aqui para saber. Parto, ainda hoje, para terras sem rádio e sem notícias das terras civilizadas. Até a próxima semana.
Aos poucos que me acompanham e aos muitos que aqui não passam meus votos de um ano de luz.
Playlist para os próximos dias
Buena Vista Social Club
Thelonius Monk
Creedence
Santana
Marcelo D2
Moinho
Chicas
Almann Brothers
Led Zepellin
The Band
Jorge Ben
Costa a Costa
Eliana Printes
Sérgio Dias
Berimbrown
Entre outros
segunda-feira, dezembro 29
Hierofante II
Maquiavel.
É bem óbvio que Asimov, na realidade, não estava olhando tão distante no tempo. Pelo contrário. Estava se espelhando na experiência humana, onde força, religião e poderio econômico até hoje estão bem presentes na composição do poder real. A linguagem da ficção se espelha na história real, onde nenhum poder se eterniza com o uso apenas da força. É preciso mais que isso para dominar corações e mentes. Por isso, os principais conquistadores se apoderaram do simbolismo religioso para escravizar sociedades. E isso ainda se usa até hoje.
Todo um código de conduta e moral se impõe pela origem divina. Mais uma vez entra em cena os hierofantes, porta-vozes de Deus, no processo de conquista.
A partir de determinadas crenças, são legitimadas as ações que descontextualizadas não passam de alta crueldade. Se na idade média pessoas iam para a fogueira mediante acusação de bruxaria, hoje não está muito diferente.
Em nome de crenças religiosas, palestinos são mortos às centenas simplesmente porque, em análise mais simplória, não professam o judaísmo. A discriminação de ordem religiosa, a aqueles que teimam em seguir o hierofante é talvez, salvo melhor juízo, a mais cruel porque o discriminado não é só inferior ao discriminante. É também apontado com possuidor de demônios e fadado a danação eterna. Sua vida não tem nenhum valor e sua morte representa um bem à humanidade.
O poder aferido ao hierofante assume dimensões drásticas. Quando a comunidade confere poderes divinos, seduzida pelo poder das idéias do líder, há sempre conseqüências. Levas de pessoas deixam de raciocinar por si próprio e caminha a passos céleres em rumo ao fanatismo. Há exatos 30 anos, em 11 de novembro de 1978, para ser mais preciso, 914 seguidores do pastor Jim Jones, da seita Templo do Povo, lançou-se ao suicídio na Guiana. O pastor era norte-americano e tinha fundado diversas igrejas em seu país, antes de se tornar um genocida e se suicidar. Esse é só um caso que alcançou repercussões internacionais por suas conseqüências.
Esses mesmos hierofantes continuam agindo impunemente e ainda revestindo-se de uma aura de superioridade. A humanidade ainda não conseguiu caminhar com os seus próprios pés e entrega-se a líderes, como se cega fosse, em vias de tropeçar ao primeiro passo.
domingo, dezembro 28
Rito de passagem
Trocar estado civil. Sonho de praticamente todas as mulheres e grande temor de boa parte dos homens. A idéia que eu tenho é que famílias se formam a partir da vontade feminina. Cabe às mulheres decidir constituir um núcleo capaz de se auto replicar ad infinitum.
Poderosas que são, sempre chegam a esse objetivo. Mas nem tudo é só antropologia ou sociologia. Há um sentimento poderoso quando se resolve sair da solterice e assumir as responsabilidades conjugais. Sentimento esse capaz de produzir uma energia forte e levar muita gente às lágrimas.
Quem repetiu esta missão humana de contrair núpcias hoje foi a minha amiga Patrícia. Casou-se com o Giuliano, e agora assina Marques Vilanova. Muda também de cidade indo se estabelecer na meca do capitalismo nacional. Longa e feliz vida aos noivos. Planos para visitá-los quando passar a honey moom.
Todos os amigos irão sentir muito a sua falta. Pessoa valorosa, de sorriso sempre presente e pronta a auxiliar a quem dela precisa.
PS. Clicando na foto pode-se vê-la em tamanho original.
sábado, dezembro 27
Hierofante
Sempre me enrolo em citações literais. Meu cérebro não se preocupa com isso. Admiro pessoas que decoram poesias enormes e declamam a qualquer momento sem gaguejar. Não é o meu caso. Há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia. É mais ou menos assim que Pook, em Sonhos de uma noite de verão, fala. Se não foi ele, deve ter sido algum outro personagem de Shakespeare. Até falam que este autor inglês na realidade nunca existiu, mas aí já é outra história.
Somos feito da mesma matéria de que são feitos os nossos sonhos. Não sei que compreensão alguém possa ter deste termo. Eu só tenho a minha. Estamos constantemente interagindo com forças invisíveis. Cada ação geral uma reação em sentido contrário. Uma lei da física mas que envolve também o nosso mundo, digamos, espiritual.
Quando se estuda comunicação a gente percebe que as pessoas são mobilizadas a partir do nível de mensagem ao qual está submetida. Quem comunica melhor vai dominar. Este é o princípio adotado tanto líderes políticos quanto espirituais. Comunicar é poder. O processo permite que se opere em vários estágios. Em vários níveis. A dominação real advém do simbolismo que as coisas adquirem. O que é nação? O que é o inferno? O que é a salvação? O que é a paz?
A conquista da liderança é sempre um jogo de comunicação. Há determinadas técnicas que impingem ao meio social sentimentos que levam a entregar ao domínio do líder o seu próprio destino. Quanto mais eficiente o poder de comunicação, mais facilmente os seguidores serão manobrados. É um processo ao mesmo tempo simples, a quem domina determinada técnicas. E invisível a quem está submetido a este poder.
Dois fatores são essenciais para a manipulação de mentes: prestígio e credibilidade. Quem colocar entre suas propriedades imateriais esses elementos assume a liderança, se quiser. Para isso acontecer, na outra ponta deve existir reconhecimento e fé. Se isso não está presente, só através da força ou das leis, que também são força, se chega à liderança.
O prestígio e a credibilidade fazem da palavra uma lei consuetudinária.Em muitos casos, as palavras podem ser habilmente articuladas, dispensando construções literais. As entrelinhas também são poderosas. Assim com a gestualidade. Princípios tidos e havidos com esotéricos acontecem no cotidiano. Independente do que cada um possa ter como mundo real.
sexta-feira, dezembro 26
Estatísticas se repetem mais uma vez
Segue matéria de O Povo.
Oitocentos e trinta e dois atendimentos foram realizados no Instituto Dr. José Frota (IJF) no feriado de Natal neste ano, entre terça-feira, 23, e sexta-feira, 26. O número representa um aumento de 12,4% se comparado com o mesmo período em 2008, quando foram realizados 740 atendimentos.
De acordo com o balanço do IJF, o maior número de atendimento foi gerado pela violência no trânsito, 145 casos, sendo 69 acidentados de motos, 29 atropelamentos, 35 abalroamentos, duas vítimas de capotamento e 10 por queda de bicicleta.
O IJF recebeu, ainda, 34 atendimentos por agressões físicas, 26 feridos por arma branca e 19 por arma de fogo, 51 vítimas de queda da própria altura, 33 de queimaduras e 10 vítimas de picadas de animais peçonhentos, quatro pacientes envolvidos em acidentes na prática de esportes ou ambiente esportivo, além de 17 vítimas de acidentes de trabalho.
quinta-feira, dezembro 25
Jingle bells
Acordar numa madrugada de 25 de dezembro, quando todos estão dormindo, não deixa de ser estranho. Bem, pelo menos acho que todos estão bem e no conforto do recesso de seus lares. Estranho também é saber que estatisticamente, a noite de 24 de dezembro é uma das mais violentas do ano, rotineiramente, há várias décadas. Lembro-me de ter visto essas estatísticas da cidade há muitos anos, e desprentenciosamente acompanho a evolução desses números a cada dezembro. Os dados se repetem numa constante constrangedora.
O que deveria ser uma data de paz se transforma, para muita gente, em momentos de aflição. A maior responsável é a violência do trânsito. Neguinho começa a encher a cara cedo, e passa a noite mudando de endereço, visitando parentes, amigos, paqueras e similares. Ninguém liga para o volume de álcool ingerido até encontrar-se com um poste atravessando uma rua de faróis apagados. Vida louca vida.
Mas é sempre bom rever os parentes e amigos. Pelo menos eu acho. A medida que o tempo passa, muitas coisas perdem o significado, muitos amigos se afastam pelos mais variados motivos. Mas há também os laços que se fortaleceram e as glórias que vivemos no passado que valem a pena serem contadas mais uma vez.
Sei de muita gente que sente depressão neste período do ano. Ruim olhar para o lado e ver tanta gente se cercar de parentes e amigos, e se sentir em uma ilha deserta. Ou fingir que está alegre quando se nada em uma maré de dificuldades avassaladoras. Mas há sempre uma saída. Eu sei.
PS. Foto de artesanato em pedra e metal de Diamantina, by me
segunda-feira, dezembro 22
Avaliação de desdobramentos da Operação Satiagraha
O presente trabalho tem por objetivo avaliar as matérias intituladas “Torneira aberta” páginas 32 a 34 da Revista Carta Capital, e “A prova dos abusos” páginas 60 a 63, da revista Veja, ambas edições de 19/11/08, que trazem desdobramentos da operação da Polícia Federal batizada de Satiagraha, comandada pelo delegado da PF Protógenes Queiroz, que teve como principal alvo o banqueiro Daniel Dantas. As duas publicações mostram, através dos textos e fotos editadas, seus posicionamentos em relação ao assunto, tentando impor a opinião pública suas crenças próprias. A operação Satiagraha teve o seu ponto decisivo em 8 de julho de 2008 quando, comandada por Protógenes Queiroz, efetuou a prisão do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o banqueiro Daniel Dantas, do banco Oportunnity, acusados, entre outros crimes de corrupção ativa e passiva, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e formação de quadrilha.
Protógenes Queiróz, ao mesmo tempo, também se transformou em alvo de investigações por parte do Ministério Público e a própria Polícia Federal, acusado de desvio de conduta, interceptação de comunicação telefônica, violação de sigilo funcional, desobediência, usurpação de função pública e falso testemunho (Revista Isto É Ed 26/11/08). Ao mesmo tempo, é alvo de reportagem o presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, que por duas vezes concedeu habeas Corpus favorecendo o banqueiro Daniel Dantas, depois de ele ter sido preso em cumprimento a mandado judicial. O caso, ao que se pode perceber fazendo a leitura das duas reportagens, cabe diversas interpretações, e cada publicação defende os seus pontos de vista, elegendo os vilões e os heróis desta intricada situação. Através da hipótese da Agenda Setting, nos propomos a avaliar as matérias citadas.
A AGENDA SETTING
Esta hipótese surgiu nos anos 70, a partir de pesquisas realizadas sobre efeitos dos meios de comunicação de massa sobre o público. A hipótese demonstra que as informações produzidas ou reproduzidas pela mídia tem uma influência direta no público receptor e funciona como agente modificador da realidade social, agendando os assuntos que passaram a ser tratados e discutidos pelo conjunto da sociedade.
Em 1972 foi publicado o trabalho realizado pelos pesquisadores Maxwell e McCombs, sob o título “Agenda Setting Function of Mass Media”, que propõe hipóteses de como se avaliar a influência da mídia sobre os eleitores, em 1968, nos Estados Unidos, quando a presidência do país estava em disputa.
As hipóteses articulam-se em torno das seguintes idéias: “em conseqüência da ação dos jornais, da televisão e de outros meios de informação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou não, realça ou negligencia elementos específicos dos cenários públicos. As pessoas têm tendência para incluir ou excluir dos seus próprios conhecimentos aquilo que os mass média incluem ou excluem do seu próprio conteúdo. Além disso, o público tende a atribuir àquilo que esse conteúdo inclui uma importância que reflete de perto a ênfase atribuída pelos mass media aos acontecimentos, aos problemas, às pessoa” (McCombs e Shaw, 1972 apud: Mauro Wolf, 2001:144).
Porém, vale salientar que apesar de determinados assuntos estarem sendo agendados, não necessariamente as interpretações dos fatos através dos veículos de comunicação serão os mesmos. Nas duas edições (Veja e Carta Capital) que abordamos, é evidente que há pontos de vista diferentes e, em muitos casos até conflitantes. Enquanto a revista Veja se pauta em descaracterizar a lisura o trabalho da Polícia Federal, a Carta Capital aponta em outra direção, tendo como alvo o ministro do STF Gilmar Mendes, entre outros. Vale salientar que foi este presidente do Supremo Tribunal Federal que por duas vezes concedeu os habeas corpus ao banqueiro capturado pelo delegado Protógenes Queiroz, cumprindo mandado de prisão de juiz singular.
McCombs diz que as coberturas midiáticas têm uma forte influência sobre a forma do público perceber a realidade em sua volta. O processo de agendamento da mídia procura, através da construção da notícia, destacar assuntos que pontuarão de forma efetiva e relevante a agenda pública. Esses assuntos são escolhidos segundo critérios estipulados pela própria mídia e transferidos aos públicos em forma de notícia, para que também participe da agenda da comunidade. A hierarquização da importância estaria muito mais em conseqüência do espaço ou tempo concedido a cada notícia do que as causas e conseqüências que cada fato pode ter na vida da comunidade. Como exemplo, podemos citar que hoje no Brasil se fala muito mais sobre as últimas eleições acontecidas nos Estados Unidos do que o pleito para prefeito e vereadores acontecido em outubro passado. Apesar de a vida nas cidades dependerem muito mais das decisões dos chefes dos executivos municipais eleitos, os olhos da mídia local, nacional e internacional se voltam muito mais aos nomes que vêm sendo indicados por Barack Obama para compor a sua equipe de governo. Para a hipótese do Agenda- Setting o que é objeto saliente para a agenda da mídia passa a ser objeto saliente também para a agenda do público.
Convém assinalar que diferentes meios de comunicação podem utilizar modos diversos elementos de agendamento pelas diferentes formas de hierarquizar um assunto na “ordem do dia”, ou muitas vezes pela omissão ou realce que estes podem fazer de um determinado assunto. Estudos feitos por McClure e Patterson (1976) sobre as eleições presidenciais americana de 1972 revelam que a exposição às notícias televisivas teve efeitos menores sobre o público em comparação aos efeitos diretos associados ao consumo de jornais locais (Wolf, 2001:148). O mesmo não se pode afirmar em relação aos fatos no Brasil. É sabido que as mensagens transmitidas pelas emissoras de TV, em nosso país, têm um destaque bem mais acentuado, sobretudo porque a grande maioria de nosso público não consome meios impressos.
Para se ter uma idéia da diferença entre os mídias o Jornal Nacional da Rede Globo possui uma audiência média em torno de 45% de todos os lares brasileiros, enquanto que a Folha de São Paulo, de circulação nacional, não alcança uma tiragem superior a 450 mil exemplares, alcançando a cada número um público médio aproximado de 2 milhões de brasileiros, ou seja, pouco mais de 1% da população nacional.
Outro ponto que queremos destacar é que quando um mídia apresenta um determinado objeto ele também nos fala algo sobre os atributos desse objeto. Estes atributos, enfatizados em vários graus, definem o que vem sendo chamando de segundo nível do agenda-setting. “O primeiro nível do processo do agenda-setting é a transmissão da saliência do objeto e o segundo nível é a transmissão da saliência dos atributos desse objeto” (Mc-Combs, Lopez-Escobar, e Llamas, 2001) . Um enquadramento afetivo expande a teoria ao considerar que a imagem e sua força expressiva (expressões faciais, posturas, gestos, linhas, enquadramentos) podem influenciar a avaliação afetiva dos observadores e gerar um impacto potencial sobre a forma de o eleitor perceber um personagem abordado pelas reportagens.
Assim, o objetivo deste nosso artigo foi o de também avaliar o papel dos elementos visuais na hipótese do agenda-setting e seu segundo nível de análise. Observamos que as fotografias podem, assim como o texto escrito, funcionar como elemento de agendamento, inclusive deixando claro o posicionamento dos diferentes veículos em relação aos personagens.
A REVISTA VEJA - Na reportagem da revista Veja, o delegado Protógenes é apresentado boquiaberto, como que surpreso por ter sido apanhado cometendo alguns deslize. Outro personagem mostrado em foto destacada, ocupando o alto da página é o juiz Fausto de Sanctis, que por duas vezes pediu a prisão preventiva de Daniel Dantas. Por conta disso, o banqueiro nas duas oportunidades obteve habeas corpus exarado pelo próprio presidente do Supremo Tribunal Federal. As fotografias sugere também que os dois estão abatidos em face dos resultados da operação, que não levou a termo a prisão de Dantas. Na primeira página da reportagem, é exibida a foto do delegado Paulo Lacerda, que comandava a Agência Brasileira de Informação e que foi afastado do cargo após denúncias de ele ter favorecido a realização de grampos irregulares a pedido do delegado Protógenes. A foto de Lacerda exibe um rosto contraído inspirando um posição de mal-estar. As três fotos, em nossa avaliação, contribuem para a elucidação do texto, que é francamente opinativo, apontando para erros e excessos cometidos pela polícia federal ao longo do processo investigativo.
O “abre” da reportagem da Revista Veja diz: “ A Veja teve acesso ao áudio da famosa reunião entre o delegado Protógenes e a cúpula da Polícia Federal em que ele nega a participação de espiões da Abin na Operação Satiagraha – e admite que tinha informação “de inteligência sobre o que se passava no STF.”
Este texto aponta uma clara contradição no que seria o depoimento de Queiroz. Como ele poderia ter informações de “inteligência sobre o STF e ao mesmo tempo não contar com o apoio da ABIN. A reportagem não diz o qual seria a categoria dessa “inteligência”, mas o leitor mediano será compelido a pensar que se trata realmente de uma espionagem irregular.
O texto lembra também que quando aconteceu a reunião da cúpula e Queiroz nada foi efetivamente divulgado sobre o teor da conversa. Somente que Fo tensa e resultou na transferência de Queiroz para outro posto da Polícia Federal. Não ficou claro se a pedido do mesmo ou se compulsoriamente. A matéria revela que a reunião “foi pontuada por brigas e trocas de acusações pesadas entre a cúpula e a equipe de Protógenes... ele chegou a ser chamado de paranóico por seus superiores”.
A matéria, francamente desfavorável a Protógenes, enquanto dá declarações textuais dos opositores do delegado, diz que ele “..tentava explicar aos seus superiores por que não comunicara a eles o fato de terem sido recrutados para a operação agentes da ABIN... também já existiam suspeitas de que o gabinete do presidente do Supremo Gilmar Mendes estaria sob vigilância clandestina”. Mas o que é vigilância clandestina? A reportagem não é enfática, deixa apenas que o leitor imagine que estava acontecendo ”arapongagem”, termo utilizado para indicar uma escuta telefônica irregular. Também é sugerido que o STF deveria ser intocável, independente do que possam fazer os seus ministros. A Polícia Federal não teria direito de investigar qualquer irregularidade praticada por Gilmar Mendes ou qualquer um dos membros da corte.
“Em certo ponto, as conversas praticamente confirmam uma das mais ousadas ações clandestinas do grupo Protógenes: a espionagem do gabinete do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes”, está escrito na página 61.
Ao que se imagina, alguma coisa que praticamente aconteceu, não aconteceu de fato. Quando se diz que um carro praticamente virou na curva, no entendimento de um leitor mediano é que o carro efetivamente não virou, chegou só próximo disso. No caso da reportagem da Veja, entendemos que o realce da frase “praticamente confirmam” dá outra conotação. Quer dizer que o fato está confirmado nas entrelinhas, que o ministro foi espionado.
O texto segue, na mesma página citada, afirmando que naquela altura dos fatos, sabia-se apenas
que os arapongas tinham cooperado com o delegado da Polícia. Ou seja, os agentes da ABIN foram reduzidos pela reportagem a arapongas, como são chamadas todas as pessoas que promovem escutas ao arrepio da lei.
As demonstrações de que a agenda da publicação da Editora Abril quer mesmo atacar a imagem do delegado e quem possa se opor ao ministro Gilmar Mendes e o Banqueiro Daniel Dantas não cessam por aí. A Veja sugere que o trabalho de Inteligência realizado pela Polícia Federal para antecipar os habeas corpus de Mendes que iriam libertar Dantas também foi ilegal. A reportagem dá também como fato verídico que houve também escutas ambientais, sem levar em conta a possibilidade de algum funcionário tenha denunciado o próprio ministro por suas ligações com Dantas.
De tão considerar verdadeiras as suas suposições, sem dar chances a qualquer interpretação divergente dos fatos, a reportagem afirma ainda que Protógenes mentiu a seus superiores ao afirmar que a participação da Abin no caso foi tão somente checando informalmente endereços dos investigados.
E, como indício de que Protógenes estaria investigando o Supremo Tribunal Federal a reportagem isola a declaração de Queiroz, onde ele afirma que a operação “estava investigando corrupção nos três poderes”. A revista Veja não demonstra nenhuma preocupação, em toda a reportagem em averiguar se a hipótese levantada pelo delegado da PF sobre a existência de corrupção seria verdadeira ou não. Veja apenas levanta suspeitas, e procura passar a idéia de que essas suspeitas são a realidade, de que Queiroz produziu toda espécie de crimes ao procurar desvendar uma possível triangulação corrupta entra os poderes constituídos e o banqueiro.
O juiz Fausto de Sanctis, também apontado com “assecla” de Protógenes (as aspas são minhas), não escapa do rol de acusações de Veja. A Reportagem cita depoimento da desembargadora Suzana Camargo alegando “que o juiz dizia estar informado sobre o que se passava dentro do gabinete do ministro Gilmar Mendes”. Em nenhum momento há na reportagem qualquer questionamento sobre que assuntos tão explosivos seriam estes tratados no gabinete do presidente do Supremo que não podem vir a público. A direção da reportagem é no sentido de que o juiz também “recebia informações do tal trabalho de inteligência que teria sido citado por Protógenes, segundo a Veja.
O juiz De Sanctis, que tentou prender um banqueiro criminoso, já que hoje Dantas é condenado, é sugerido por Veja como nazista. Segundo Veja, em sua página 62/63 diz textualmente que “o juiz surpreendeu de novo ao defender a tese de que a Constituição e por conseqüência as leis menores não pode sobrepujar à vontade do povo. Parece bonito e libertário, mas longe de as idéias de De Sanctis serem originais têm raízes nas teses formuladas pelo alemão Carl Schmitt (1888 – 1985) um dos inspiradores do arcabouço jurídico do nazismo”. Acentua ainda que a idéia do juiz federal se comparam a de Adolf Hitler.
O final da reportagem é reservado para anunciar que toda a Operação Satiagraha está sob investigação a cargo “do corregedor Amaro Ferreira”. E avisa que “em três meses de trabalho, ele identificou 84 agentes da Abin que por ordem do delegado Paulo Lacerda, afastado da direção da agência, trabalharam clandestinamente sob o comando de Queiroz, realizando tarefas mais abrangentes do que chegar endereços... que em alguns momentos trilhou caminhos criminosos... ”, (pag. 63).
O outro lado da mesma moeda – CARTA CAPITAL.
Se a reportagem de Veja procura condenar tudo o que possa ter sido produzido pela operação Satiagraha e seus protagonistas, a revista Carta Capital procura mostrar que os antagonistas do delegado Protógenes e do juiz De Sanctis não podem ser vistos como meras vítimas de ocasião da sanha investigativa do agente da PF e do magistrado federal. São duas matérias coordenadas que compõem o texto editorial tratando do caso: “Nos rincões dos Mendes”, procurando estabelecer ligações perigosas entre o presidente do Supremo e setores econômicos e “Torneira aberta”, procurando mostrar que houve vazamento de informações favorecendo investigados pela operação Satiagraha.
A Capa de Carta Capital exibe uma foto que ocupada toda a página , exibindo o presidente do STF de chapéu de coronel-fazendeiro. O título é “nos domínios de Gilmar”, com um breve texto abaixo: “ Em Diamantino (MT), a família Mendes exerce o poder à moda antiga. E tira proveito. Mas a oposição venceu as eleições e promete uma auditoria na Prefeitura, comandada pelo irmão do ministro.
Na foto, Gilmar está com a boca entreaberta, semelhante às fotos de De sanctis e Queiroz, na revista Veja, em estudo. A idéia que a imagem passa é a de quem foi pego em situação no mínimo desconfortável. A informação de que será pedida uma auditoria na Prefeitura, nos remete a idéia de que aconteceram irregularidades de responsabilidade do irmão do ministro do STF, numa tentativa de ligá-lo a práticas ilícitas do parente próximo. A matéria, logo a primeira vista, se mostra amplamente desfavorável a Gilmar Mendes.
Logo no primeiro parágrafo da matéria “Nos rincões dos Mendes” é dito que existe em “Diamantino, a 208 quilômetros de Cuiabá, em Mato Grosso, um estado policial”. Trata-se de “uma oligarquia nascida à sombra da ditadura militar (1964-1985), mas derrotada nas eleições passadas, depois de mais de duas décadas de dominação”. Afirma ainda que o irmão caçula de Mendes manteve-se por oito anos no cargo de prefeito graças à influência do presidente do ministro (pag. 24), que também foi o primeiro advogado-geral da União, nomeado por Fernando Henrique Cardoso.
A Carta Capital descreve um caso claro de tráfico de influência de Gilmar, ao citar (pag. 24) que ele atuou para eleger o irmão levando “ministros para inaugurar obras e lançar programas, além de circular pelos bairros da cidade, cercado de seguranças, a pedir votos para o irmão candidato”. De forma clara, um dos principais antagonistas de Protógenes Queiroz, Mendes tem a sua imagem pública claramente atacada.
A reportagem (pag. 24) revela também que teria sido Mendes o líder de um lobby político que escolheu o local para a instalação de um complexo formado por um abatedouro. Uma usina de biodiesel e um curtume. O investimento, segundo a revista, é da ordem de R$ 230 milhões e tem a perspectiva de geração de 3,6 mil empregos. Tudo isso com o objetivo, segundo a revista, de favorecer o esquema político de Mendes. O grupo Bertin, dono do investimento, no entanto, foi condenado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) em novembro de 2007, dois meses após a assinatura do protocolo, por formação de cartel com outros quatro frigoríficos, segundo Carta Capital.
A revista segue desconstruindo a imagem do presidente do STF e em um quadro de duas páginas (pags. 26 e 27) apresenta entrevista com o prefeito eleito de Diamantino, Erival Capistrano. No “abre” da matéria a Carta Capital diz que a ameaça de auditoria na prefeitura levou a família Mendes ao desespero. “Quero descobrir para onde foi o dinheiro de Diamantino dos últimos 20 anos”, é essa declaração que estaria causando o temor da família Mendes, como se houvesse realmente desvios de recursos públicos.
Carta Capital revela ainda que o ministro Gilmar Mendes teria afirmado que é acionista de do Instituto Brasiliense de Direito, que “obteve contratos sem licitação com órgãos públicos e empréstimos camaradas de agências de fomento”. A matéria segue afirmando que há em diversos momentos da administração pública da cidade indicações claras de tráfico de influência, troca de votos por cestas básicas e ameaças aos adversários públicos. Ao todo, teriam sido detectadas pelo Tribunal de Contas do Estado 38 irregularidades na gestão do irmão do ministro (pag. 28). Tais fatos, por si só, seriam suficientes para impor o título de coronel à antiga a Gilmar Mendes.
A reportagem “Torneira Aberta” (pags. 30 e 31) dá outro tom ao vazamento de informação. Enquanto Veja se deteve às questões de arapongagem, principalmente, Carta Capital avalia que o advogado do Banqueiro Daniel Dantas, Nélio Machado, estaria recebendo informações da juíza Adriana Pileggi Soveral sobre a operação Satiagraha. O caso estaria sendo investigado pela Corregedoria da Justiça Federal em São Paulo. Tais fatos estariam captados pelas escutas telefônicas da Polícia Federal. A juíza, segundo a revista já teria sido processada por uso de placas frias.
“É possível que o vazamento atribuído à juíza passe despercebido, no momento em que apenas as supostas falhas e excessos do delegado Protógenes são alvo de apuração e indignação”, diz a matéria de Carta Capital. A notícia insinua ainda que o vazamento das informações tem como foco a ação policial do dia 8 de julho, quando filmagens da rede Globo aconteceram no momento da prisão do ex-prefeito Celso Pitta, também apontado como parceiro de Dantas em seu “rosário de crimes”. A foto do caso, inclusive, é exibida na reportagem da Revista Veja.
Para Carta Capital, há um claro plano de desmonte da operação Satiagraha e de indiciamento de Queiroz. “Até o ministro da Justiça caiu na armadilha ao criticar a pirotecnia nas operações da Polícia Militar”, diz a revista em sua página 31. A foto da juíza, nesta página, tem a mesma expressão de quase susto, em lábios entreabertos, enquanto Protógenes é exibido fazendo sinal de silêncio, indicando de forma imagética, que estão falando demais ou em um volume desnecessário.
Quanto às acusações de que a ABIN agiu de forma irregular ao auxiliar as investigações da Polícia Federal, a Revista Carta Capital diz (pag. 31) que outras instituições federais sempre socorreram a PF em suas operações. “Para o procurador da República Rodrigo De Grandis, é normal a participação dessas instituições”.
CONCLUSÃO
Pela hipótese da Agenda Setting, há um claro antagonismo entre os dois meios de comunicação na abordagem dos desdobramentos da Operação Satiagraha. Quem ler a revista Veja pode muito facilmente se envolvido com a linguagem de que as ações da Polícia Federal e do juiz Federal De Sanctis foram pontuadas de irregularidades, e em alguns casos assumindo proporções nazistas, próprias dos estados totalitários. A Carta Capital, como se tivesse conhecimento (ou de fato tendo) do que seria publicado pela Veja, dá uma série de interpretações defendendo as ações da Polícia Federal , o delegado Protógenes e o juiz De Sanctis, ao mesmo tempo que aponta um lado obscuro no ministro Gilmar Mendes e em outros personagens que estão se confrontando com os protagonistas da operação. O caso segue em curso, e o banqueiro Daniel Dantas já foi condenado a 10 anos de cadeia, por alguns dos crimes que praticou. Continua em liberdade por ter recorrido da sentença da primeira instância.
sábado, dezembro 20
Breve homenagem a uma magra de ruim
Ser normal deve ser um saco. Vestir-se normal, trabalhar normal, expediente normal, ter idéias normais. Essas geralmente herdadas de gerações, aprendida com os pais. Nascer, crescer, se matar de estudar (às vezes), passar no vestibular, definir uma profissão (dessas que já estão definidas pelo conjunto da sociedade, quer seja vinda de um curso técnico ou superior), casar, ter filho, e repetir o ciclo todo novamente. Nada muda, além dos problemas crescentes advindos da modernidade. Mais estresse, menos ar respirável, dificuldade de um emprego minimamente decente, violência, mais filas para todo lado que se vá. Em compensação, a velocidade do PC e da net vai também aumentando à medida que o preço cai. Bela compensação.
Cada vez mais difícil de não ser normal. Alguns tentam fazer coisas ousadas, diferentes, seguir os próprios instintos. Mas não há mais nada diferente. Já está tudo devidamente catalogado, rotulado, embrulhado e disposto em arquivos para consultas posteriores. Ser normal não rende nem uma história. Apesar de toda essa mesmice que marca o início do milênio, há algumas raras pessoas que ainda buscam o seu sonho pessoal. Não aquela idéia de conseguir sair da vala comum e conquistar o topo da pirâmide social, julgando-se ser de uma fibra superior. Mas o desejo firme de escrever uma história que não tem paralelo no seu meio.
São essas pessoas que têm a minha admiração.
terça-feira, dezembro 16
Ao arrepio da lei
segunda-feira, dezembro 8
Minority Report
Desta forma, nada mais óbvio do que reduzir o horário de funcionamento dos bares da cidade para coibir a violência, atentados contra a vida, assassinatos produzidos por armas brancas, revólveres, pauladas e pedradas. Fruto dessa visão, surge na Câmara Municipal projeto de lei dispondo que a comercialização de álcool para consumo humano só pode acontecer até, no máximo, meia noite de sexta a domingo e 23 horas, nos demais dias da semana.
Será isso ingenuidade? Será que nunca ouviram falar na lei seca instituída nos Estados Unidos, quando o consumo de bebida alcoólica foi banido? Para os que nunca ouviram falar disso ou estão esquecidos, quero lembrar que foi um dos períodos mais violentos da história daquele país. Quem nunca ouviu falar a formação de gangues de tráfico de bebida do Canadá, como mostra o filme “Os Intocáveis”? Isso não é ficção, realmente aconteceu.
Outro dado que vale ser salientado é que uma coisa é se passar um domingo, a cada dois anos, sem poder beber em bares. Outra, bem diferente, e nunca mais haver um final de semana onde se possa se estender o lazer regado a algum fermentado ou destilado, além do horário estabelecido em lei. Será que essa nossa gente, tão avesso a respeitar legislações por conta da falta de fiscalização vai se curvar como cordeirinho a essa nova realidade sem reagir? Será que vai mesmo haver um controle efetivo da comercialização de bebidas, ou os amigos do rei vão poder aferir lucros ainda maiores com esse mercado na clandestinidade?
domingo, dezembro 7
Give peace a chance (réquiem para um verdadeiro herói)
Ironia do destino, Lennon tombou em frente ao prédio onde morava, em Nova Iorque, o Dakota. Internacionalista, se referências de patriotismos em toda a sua bibliografia, havia escolhido aquela cidade para viver por ser a única, entre as que conheceu, onde podia andar livremente, sem necessidade de segurança ou temendo ser engalfinhado pela multidão. Essa liberdade facilitou a ação do psicopata que após efetuar os disparos esperou calmamente ser preso, tendo em suas mãos o livro “O Apanhador no Campo de Centeio”.
São inúmeras as suas manifestações em defesa da paz. Certa vez passou um dia todo na cama com a sua esposa, e pediu a todos que em vez de lutarem da guerra fizessem amor. Também encabeçou o movimento pelo fim da guerra do Vietnam, levando o então presidente Richard Nixon a pedir a sua extradição, que infelizmente, para o restante da humanidade, não aconteceu.
Suas palavras continuam tão vivas como nunca. Dêem uma chance a paz. O mundo continua em guerra.
Para ver e ouvir a música, clique aqui
quarta-feira, dezembro 3
De um só fôlego
Na Suécia, 46% das mulheres sofreram violência de homem; 13% das mulheres foram vítimas de violência sexual fora de uma relação; e 92% das mulheres não prestam queixa a polícia após sofrerem violência sexual.
Essas três frases pontuam as divisões do livro Os Homens que Não Amavam As mulheres, que faz parte da trilogia Millenium, do jornalista sueco Stieg Larsson, morto em 2004 de ataque cardíaco, logo após entregar os originais a sua editora. Mesmo com a caudalosa edição de 522 páginas, é livro para ler de um só fôlego. Os personagens protagonistas conduzem a história com uma dinâmica própria e chegam a um final nada previsível. Trata-se de um jornalista de uma revista econômica sueca, que é contratado para escrever a história de uma família rica e decadente de seu país, quando estava para cumprir uma pena de prisão por ter sido julgado culpado por um processo de calúnia movido por um outro milionário, rival de seu contratante.
No meio do percurso tem de desvendar um mistério e para tanto recorre aos dons investigativos e hackers de uma jovem de comportamento nada convencional. Ele precisa descobrir o que aconteceu com uma jovem de 16 anos, da época, desaparecida há mais de 30 anos. O trajeto o leva a encontrar alguns pares de esqueletos nos armários os mais diversos. Ninguém está acima das suspeitas.
O que mais ficou evidente para mim é que a violência de homens contra as mulheres extrapolam as barreiras étnicas e sociais. Um país como a Suécia, com um padrão de vida considerado dos mais faustosos do mundo, ainda não se viu livre dessa chaga. O autor, através do seu enredo, e dos personagens femininos, mostra toda a ojeriza que tem a essa tipo de crime. Não segue padrões morais tradicionais, mas aponta uma ética e uma honra que nos deixa o que pensar.
Não sei se este é um deslize da tradução, mas, se não for, demonstra a dificuldade com que a maioria dos jornalistas trata com os números. Na página 435, um texto sobre a Austrália diz que o país tem 120 milhões de ovelhas e exporta anualmente 700 milhões de toneladas de carne desse animal. Ou seja, se todo o rebanho do país for abatido a cada ano, o que seria impossível à manutenção do plantel, cada animal pesaria em torno de seis toneladas, o que, convenhamos, é um peso excessivo até para gado bovino. Esta falha, contudo, não tira o brilhantismo do autor, a beleza da história, mas põe sob suspeição possíveis falhas nos demais números assinalados pelo autor. De sorte, recomendo pela diversão garantida aos que se engalfinharem pelas páginas deste livro.
Outros comentários podem ser lido em:
http://blogdofavre.ig.com.br/2008/11/os-homens-que-nao-amavam-as-mulheres/
http://revistaspeculum.wordpress.com/2008/10/16/os-homens-que-no-amavam-as-mulheres/
sábado, novembro 29
"Poucos são aqueles que vêem com seus próprios olhos e sentem com seus próprios corações."
A frase dita há algumas décadas por Albert Einstein tende a se imortalizar. Tão real que é. Sociedade moderna trocou olhos, ouvidos e coração por traduções da realidade produzidas pelos mass media. Atualmente está agendada, principalmente pelas redes nacionais de televisão, a calamidade em Santa Catarina onde centenas estão sucumbindo diante a força da enxurrada que desaba dias a fio. Aos milhares estão desalojados ou desabrigados. As imagens exploram ao máximo a dor de um povo, onde cada lágrima em close é transportada aos milhões de lares brasileiros, sensibilizando o outro lado da tela.
O espetáculo é real, mas é espetáculo. Os personagens são reais, mas personagens. Ninguém consegue ver com os próprios olhos, por isso tão indispensável ao andar de uma sociedade o frio olho da câmera. A população passa a pensar e a sentir como quer o repórter fulano de tal da rede Cicrano & Beltrano. Logo, bem-intencionadas criaturas filhas de Deus, após a decodificação das mensagens lançadas, e nunca antes disso, passam a sentir todos os efeitos que o bombardeio de informações é capaz. A partir daí, campanhas de solidariedade são desencadeadas, atraindo todos aqueles movidos de bons sentimentos. Doações que se medem em toneladas são feitas no esturricado solo cearense.
Acontece que realidade parecida, ou até muitas vezes muito pior, nos cerca diariamente, mas nossas percepções nos levam em direção contrária. O primeiro movimento aos nos deparar com a situação sofrida de nosso povo, de nossa gente, nossos irmãos que estão ao nosso lado é de repulsa. Situações catastróficas acontecem diariamente no 25º estado mais pobre do país, e na capital de maior concentração de renda do nosso desigual Brasil. Nenhuma campanha é lançada, imagens mobilizadoras não são produzidas, e o cotidiano de desgraça nos desensibilizam diante das entranhas abertas da cidade, como estratégia de bem-estar. Fechamo-nos em nossos círculos restritos de convívio e esquecemos, como se não existissem, aqueles que nos pedem socorro com um pedido de esmola, uma oferta de graxa no sapato, uma flanela sobre o vidro, ou uma criança no colo.
Felizes são aqueles que vêem com os seus próprios olhos e enxergam com os seus próprios corações. Agora, muito provavelmente impulsionada pela agenda de desgraças no sul maravilha, a imprensa local volta os olhos para os fenômenos nossos e mostra um cenário devastado pela ausência de chuvas e políticas eficazes para afastar de uma vez por todas a condição mendicante de nossa gente.
Certamente não nos serão liberados os generosos bilhões de reais despejados automaticamente, esta semana, nos cofres já abastados dos poderes constituídos catarinenses. Certamente a desculpa é que a solução do problema não vem porque alguns coronéis patrimonialistas desviaram, desviam e sempre desviarão toda e qualquer ajuda que possa vir do poder central. Só nunca apresentam a fatura indicando que toda a ajuda que já veio até aqui para tentar salvar aqueles que morrem à míngua não chega a uma Itaipú Binacional, uma ponte Rio-Niterói ou a integração de bacias dos rios Paraná-Tietê. Nem todos os Lulas da vida modificaram a perversa divisão do dinheiro nacional, onde quase 40% da população só visualiza 10% da distribuição da riqueza do país, via transferência de impostos. E com um extremo cinismo, ainda afirmam que é o Nordeste o responsável pelo atraso nacional. Afinal de contas, os problemas do Nordeste são só da região, enquanto que os demais, são problemas nacionais.
quarta-feira, novembro 26
Selva processada
Em nome de mais leitura para todos, uma série de programas e iniciativas está rondando as cabeças dos dirigentes dos setores de educação e cultura do país. Distribuição de exemplares, criação de clube de leitores, realização de feiras e por aí vai. Mas alguma coisa está fora de ordem. Alguma ou algumas. Exemplo é que aconteceu na Bienal Internacional do Livro, realizada na semana passada.
Com o fito de divulgar e lançar novos livros, congregar livreiros, autores, editores e o público das mais distintas faixas etárias, a bienal se realizou. Para alguns foi como uma visita ao zoológico percorrer os diversos pavilhões de expositores. Filas e mais filas de alunos de escolas públicos, sem um níquel no bolso, sequer, percorriam os stands com as mãos escoradas no companheiro da frente e oferecendo apoio para as mãos do detrás. Os livros, só para os olhos, à distância. Não lhes era dado o direito de manuseá-los, assim como os bichos expostos não devem ser tocados ou alimentados no zoo.
A princípio o sucesso de uma bienal internacional do livro deveria ser de amplo interesse de todas as instituições públicas. Não foi bem assim. Como uma madeireira em uma floresta em pé, os órgãos de fiscalização do trânsito passaram o rodo e multaram praticamente todos os visitantes da bienal, nas caladas das 10 noites de funcionamento do evento livresco. Assim como os madeireiros, não houve nenhum interesse em ganhos a longo prazo. O que valia é empurrar algumas centenas de milhares de reais imediatamente para os cofres da prefeitura. A única alternativa seria pagar um estacionamento privado ao preço de dois livros comprados na exposição. Dá até para pensar em conluio entre o dono do parque e determinadas autoridades do trânsito. Ah Brasil!
terça-feira, novembro 25
Entre o real e o imaginário
Estamos a pouco mais de um mês da posse de Barack Obama. Muita coisa se pensou, se disse, se escreveu sobre o assunto que na minha modesta opinião será julgado pela história como um dos principais acontecimentos do século XXI. Deve disputar a primazia com a destruição das torres gêmeas de Nova Iorque. O novo presidente não é só o primeiro negro a chegar ao principal cargo político do mundo.
É também o primeiro homem de origem africana ocupar a presidência de um país ocidental. Coincidentemente, o fato acontece exatamente na nação considerada a mais racista de todas, da atualidade, já que a África do Sul aboliu o apartheid há alguns anos e a Alemanha deu as costas ao seu passado nazista. Nas aparências, pelo menos é assim. Os mais otimistas falam que é o começo do fim de todo o racismo, ou melhor, do etnocentrismo, que se estabeleceu no planeta.
É essa a idéia que passa, principalmente quando um discurso de vitória de Obama é acompanhado pelas lágrimas de Jesse Jackson, que por duas vezes tentou sem sucesso ser o candidato dos democratas à presidência. E Colin Powell, até então republicano, virou de lado, muito provavelmente movido por questões étnicas. Parece que aquele país dividido entre segregadores e segregados, discriminantes e discriminados finalmente encontrou o caminho da paz social, com fraternidade entre as diversas etnias. De aparências também se vive.
Bem, pode até ser que seja assim. Mas é bom lembrar que independente de Barack ter saído vencedor com a torcida da maioria da humanidade, o democrata conquistou apenas três por cento dos votos a mais do necessário para vencer as eleições. 53 a 47% significa uma margem muito estreita. Seria de se esperar uma vitória acachapante, em face da crise econômica gerada no seio do governo republicano de Bush e todo o descrédito que esse presidente incorpora. Um mentiroso de marca maior, flagrado inventando estórias para invadir um desarmado Iraque em busca tão somente petróleo, uma vez que era de seu conhecimento a total inexistência de armas químicas.. Nunca um presidente foi tão impopular, desde que inventaram pesquisa de opinião e isso já vai séculos.
É claro que a vitória de Obama se reveste de simbolismos os mais diversos. Há menos de 50 anos, os bronzeados norteamericanos não podiam entrar em escolas de brancos, rezar em igrejas de brancos ou sentar-se ao lado de brancos nos ônibus. O penúltimo presidente democrata, Jimmy Carter, hoje dirigente de uma ONG que constrói casas para os pobres, mesmo considerado um liberal, era freqüentador de igreja segregacionista, o que nos idos de 70 foi considerado uma heresia aos ditames liberais de seu partido. Mais ou menos.
Um negro, descendente de queniano, filho de mãe branca, criado por um padrasto asiático é o que se pode chamar de presidente globalizado. Tão globalizado quanto a morte da princesa Diana. Uma inglesa, que namorava um egípcio, morta em um acidente de carro alemão, guiado por um motorista belga, em uma cidade francesa. Que nem o Lula, primeiro operário a chegar ao poder no Brasil, não acredito que as coisas fiquem mais fáceis para os negros chegarem ao poder, como não creio que as portas das instituições governamentais estejam mais abertas para a classe trabalhadora. Apenas um pé foi colocado na soleira.
O importante agora é não deixar que a reação se organize e venha querer debitar alguma falha que possa vir a acontecer na genética do novo presidente. Não creio que haja grandes mudanças a partir de 2 de janeiro, quando o Obama tomará posse. Não acredito que as relações internacionais dos Estados Unidos sejam tão melhor do que as atuais, mas com certeza devem melhorar, porque pior não dá.
Não acho que a face dos Estados Unidos irá se transformar ao ponto de extinguir o antiamericanismo que reina mundo a fora. Não tenho porque pensar que o aquecimento global é página virada e que a natureza vai continuar de pé ao longo dos próximos séculos. Mas certo estou de que a vitória deste negro vai trazer a todos nós muitas reflexões e possibilidades de novos sonhos até então impensados.
domingo, novembro 23
Deslocada, estranha e aqui presente
Era o toque de campainha mais previsível que conhecia. Ao mesmo tempo, completamente envolto em mistério. A cada primeiro sábado de dezembro, ás vésperas de seu aniversário, Eva Peterson recebia um ramalhete de doze rosas, com remetente desconhecido. Era o porteiro avisando a chegada de uma encomenda endereçada a ela, rotina que se repetia há 10 anos. Nas primeiras três entregas, quando ainda era uma jornalista recém egressa dos bancos da universidade de jornalismo e da especialização, ainda se perturbava com aquela oferta de flores. Mas a cena, de tão repetitiva ficara enfadonha.
sábado, novembro 8
Sem probremas!
Depois chegar ao estrelato com o hit Iarnuou, que conquistou primeiro lugar nas paradas para reabastecimento, Solange, ou Sol, como ficou conhecida após abusar da paciência de todos os que assistiram BBB4, reassume a primeira grandeza. Ela, disfaçarda de cidadã americana, chega a Casa Branca, secundada por Barack, de onde irá julgar os vivos e os mortos.
sexta-feira, novembro 7
Vestindo Prada
trabalho, transeunte) que está só porque não há homem disponível no
mercado amoroso, como diria o meu professor Wilson Gomes. Homem até
que tem, mas não ao nível capaz de preencher as exigências mínimas das
singles. Afinal, como o sexo feminino está se preparando cultural e
profissionalmente cada vez melhor, não dá para aceitar qualquer
bagulho roncando a noite toda do seu lado. (Na minha concepção,
qualquer homem já é um bagulho, mas nesse campo essa opinião não tem
nenhuma prevalência, senão para as meninas que preferem meninas).
Toda essa conversa é puxada ao que vi hoje pela manhã, logo cedo, ao
abrir o site do Terra. Na primeira página está estampado a manchete
"saiba porque no que as solteiras estão errando". Pensei que viesse um
longo tratado comportamental, desses tipo auto-ajuda, tão em moda na
literatura. Mas nada. O assunto mesmo destacado, é bem resumido. Aqui
transcrevo-o. O lero não merece mais que 949 caracteres :
"Se você ainda não tem seu par, o que precisa fazer é dar o primeiro
passo, ou seja, conquistar alguém. No entanto, as solteiras reclamam
que está cada vez mais difícil conseguir um companheiro.
Para a psicóloga Suzy Farão, a individualidade feminina é algo que
atrapalha no desejo de construir uma relação. "A independência chega a
tal ponto que as mulheres não querem misturar suas coisas", explica.
Outro obstáculo é o alto grau de exigência. "Já pensei se não estou
sendo exigente demais. Mas se tiver que abrir mão do que gosto para
ficar com alguém, prefiro ficar do jeito que estou", conta a
jornalista Mariana Scherma, 23 anos. "E como estou de bem com minha
solteirice, não me contento com o primeiro que aparece", completa.
"Um conflito que percebo é que as mulheres desejam uma independência,
lutam por ela, e quando pensam em relacionamentos ou estão competindo
ou ainda sonham com o homem ideal", define a também psicóloga Sueli
Castillo.
Mariana acredita que a justificativa que relaciona a carreira com a
falta de tempo para um relação é infundada. "Isso, na minha opinião, é
desculpa para quem quer continuar solteiro", diz.
segunda-feira, novembro 3
Vamos que vamos
Segunda-feira amanhece como todas as outras. Poucas nuvens e trânsito pesado. Domingo em casa, indo para a cozinha de livre e espontânea pressão. Mas a turma ajudou. Regalo español, regado a muita conversa e trabalhos de homônimos e parônimos. Resultado é que vamos seguir em frente um pouco mais leve que quando iniciamos o week end. Esse da foto é o responsável por boa parte da mobilização. Vai mazelado mesmo para ele aprender a não mexer com o que está quieto.
Pesquisas de opinião na parte de cima do globo (já que os mapas foram desenhados "etnocentricamente") indicam o que todos querem: Obama na presidência. Tadinho do parônimo Osama.Como é que alguém promete matar o seu próprio parônimo?
domingo, novembro 2
Em sintonia com o futuro
sábado, novembro 1
A um passo
Não quero com isso dizer que não existam os preconceitos. Estes são reais. São os pardos e pretos os que mais sofrem discriminações, ao longo do tempo e em todo o mundo. Escravizados que foram, carregam a pecha, perante os demais, de serem os próprios responsáveis pela segregação. De tanto martelarem os tambores do politicamente correto, virou quase que uma obrigação apoiar qualquer iniciativa de nossos “coloreds” irmãos.
Nesta semana que se inicia amanhã, três legítimos representantes do black power podem fazer história. O inglês lewis Hamilton está por um fio de nada, prestes a se tornar o primeiro campeão mundial de Fórmula 1 negro, após ter sido o primeiro piloto negro da categoria; o tenista francês Jo-Wilfried Tsonga (se pronuncia Jô Uilfrid Tsongá) está prestes a ganhar o seu primeiro título Master Series da sua carreira e Barack Obama surge como o grande favorito para se transformar no primeiro negro a presidir os Estados Unidos.
No caso de Tsonga, até que não é tanta novidade assim. Os mais antigos ainda se lembram do tenista negro Yannick Noah, dono de 23 títulos, e (decantado em letras musicais de Gilberto Gil), temos as irmãs Williams no topo do ranking de tênis feminino, considerado de branco há algum tempo, (até na cor dos trajes) neste esporte há hoje, digamos, uma maior integração de cores, nacionalidades, etnias. Mas quando se trata de ser piloto de Fórmula Um ou presidente dos Estados Unidos, a coisa muda um pouco de figura.
O mundo todo passou a torcer por Obama, lhe dando a franca condição de favorito. Não pelo que ele poderá realizar no comando do poder do mundo, mas por ser o fim do ciclo da supremacia branca na Casa Branca (até a casa é branca e em se tratando do endereço, não podia ser de outra cor). Pelo que a gente pode ver através de entrevistas nas ruas aos canais de televisão, é quase uma vergonha falar que o candidato democrata não é o seu escolhido. Por conta disso, alguns republicanos vêem neste fato uma pontinha de esperança para John Mc Cain. Pessoas estariam respondendo pesquisas de opinião favoravelmente a Obama para não serem flagrados como racistas.
Não interessam as idéias que Obama tenha ou possa vir a ter. O que vale é mostrar ao mundo que os preconceitos existentes em todas as nações, principalmente as mais desenvolvidas e governadas por brancos, estão sendo dissipados. Não importa se ele fará um grande governo, ou se aprofundará a crise mundial. Nada se compara ao valor do simbolismo de uma maioria branca governada por um negro na nação mais poderosa do planeta. Tipo uma África do Sul ao contrário, dos tempos de Pieter Botha e Frederik De Klerk. É claro que não dá para comparar, na totalidade, já que nos Estados Unidos o voto é universal, enquanto que os negros eram segregados no país africano.
Torço, francamente, que os novos tempos que surgirão sejam de igualdade entre todos. Início do fim das discriminações. Não sei se a minha torcida vai adiantar de muita coisa. A vingança é um traço cultural forte. Haja vista a quantidade de genocídios que se instalaram no mundo quando os oprimidos tomam o poder. Mas não creio que isso acontecerá. Afinal de contas, Obama, para os padrões brasileiros, é tão branco quanto o Pelé, o Lula ou o Chico Buarque.