Não sou muito partidário do termo afro-descendente para aqueles que possuem o revestimento do corpo em tons prevalentes de melanina. Se a ciência estiver correta, todos nós temos antepassados em comum originados em terras africanas. E se você tiver como parâmetro a religião, todos nós somos irmãos por parte de Adão e Eva. Também não é aceito a terminação “raça” para distinguir a cor da pele, já que igualmente, pertencemos a raça humana.
Não quero com isso dizer que não existam os preconceitos. Estes são reais. São os pardos e pretos os que mais sofrem discriminações, ao longo do tempo e em todo o mundo. Escravizados que foram, carregam a pecha, perante os demais, de serem os próprios responsáveis pela segregação. De tanto martelarem os tambores do politicamente correto, virou quase que uma obrigação apoiar qualquer iniciativa de nossos “coloreds” irmãos.
Nesta semana que se inicia amanhã, três legítimos representantes do black power podem fazer história. O inglês lewis Hamilton está por um fio de nada, prestes a se tornar o primeiro campeão mundial de Fórmula 1 negro, após ter sido o primeiro piloto negro da categoria; o tenista francês Jo-Wilfried Tsonga (se pronuncia Jô Uilfrid Tsongá) está prestes a ganhar o seu primeiro título Master Series da sua carreira e Barack Obama surge como o grande favorito para se transformar no primeiro negro a presidir os Estados Unidos.
No caso de Tsonga, até que não é tanta novidade assim. Os mais antigos ainda se lembram do tenista negro Yannick Noah, dono de 23 títulos, e (decantado em letras musicais de Gilberto Gil), temos as irmãs Williams no topo do ranking de tênis feminino, considerado de branco há algum tempo, (até na cor dos trajes) neste esporte há hoje, digamos, uma maior integração de cores, nacionalidades, etnias. Mas quando se trata de ser piloto de Fórmula Um ou presidente dos Estados Unidos, a coisa muda um pouco de figura.
O mundo todo passou a torcer por Obama, lhe dando a franca condição de favorito. Não pelo que ele poderá realizar no comando do poder do mundo, mas por ser o fim do ciclo da supremacia branca na Casa Branca (até a casa é branca e em se tratando do endereço, não podia ser de outra cor). Pelo que a gente pode ver através de entrevistas nas ruas aos canais de televisão, é quase uma vergonha falar que o candidato democrata não é o seu escolhido. Por conta disso, alguns republicanos vêem neste fato uma pontinha de esperança para John Mc Cain. Pessoas estariam respondendo pesquisas de opinião favoravelmente a Obama para não serem flagrados como racistas.
Não interessam as idéias que Obama tenha ou possa vir a ter. O que vale é mostrar ao mundo que os preconceitos existentes em todas as nações, principalmente as mais desenvolvidas e governadas por brancos, estão sendo dissipados. Não importa se ele fará um grande governo, ou se aprofundará a crise mundial. Nada se compara ao valor do simbolismo de uma maioria branca governada por um negro na nação mais poderosa do planeta. Tipo uma África do Sul ao contrário, dos tempos de Pieter Botha e Frederik De Klerk. É claro que não dá para comparar, na totalidade, já que nos Estados Unidos o voto é universal, enquanto que os negros eram segregados no país africano.
Torço, francamente, que os novos tempos que surgirão sejam de igualdade entre todos. Início do fim das discriminações. Não sei se a minha torcida vai adiantar de muita coisa. A vingança é um traço cultural forte. Haja vista a quantidade de genocídios que se instalaram no mundo quando os oprimidos tomam o poder. Mas não creio que isso acontecerá. Afinal de contas, Obama, para os padrões brasileiros, é tão branco quanto o Pelé, o Lula ou o Chico Buarque.
sábado, novembro 1
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Um comentário:
Obama é o negro mais branco que já vi, Sonsol. Belo post!
No mais, agora (quando deixo esse comantário) são 12 horas de domingo e ainda espero que Hamilton não amplie seu pionerismo na F1. A proposito, ele também é meio desbotado.
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