Nem o mais herege dos ateus consegue passar incólume a uma visita papal. Principalmente os habitantes do novo mundo, que esperam por décadas até merecer a graça da presença do chefe supremo do Vaticano. É realmente um acontecimento midiático e com grande poder trator às atenções. Cobertura 24 horas em pool de emissoras de TV dão bem a dimensão do poder de mexer com o lado emocional dos féis e infiéis que o sumo pontífice tem. A representação abstrata do herdeiro do trono de Pedro tem maior significado do que qualquer palavra que possa ser dita contra ou a favor da vinda dele ao Brasil. Isto é fato.
O que acho mais peculiar no meio a este bombardeiro de religiosidade instantânea é a busca de repercussões políticas e sociais que a visita de Bento XVI possa ter. Recordo-me da vinda do antecessor dele, que também arrebatou multidões, celebrou missas para milhões e disse para tantos o que muitos não gostariam de ouvir. Nada mudou. Nem os dogmas católicos nem os seus nominados fiéis. Tudo o que seria proibido à igreja continua proibido, assim como as práticas de pecados apontados não cessaram. Uso de camisinha, sexo fora do casamento, controle de natalidade.
Agora há um fato inédito. Será canonizado um certo frei Galvão que tem, segundo os seus seguidores, feito cura milagrosas através da ingestão de pequenos papeis em forma de pílulas, contendo orações. Vivas ao primeiro santo brasileiro, como se esta nação precisasse do referendo do bispo de Roma para cultuar suas personalidades. Vide padre Cícero, que mesmo excomungado pela Igreja Católica continua arrebatando milhares de fiéis a cada nova romaria.
Mas nada no plano físico é o que realmente vale. Corações se elevam para o lado místico do cristianismo e todos se reúnem em torno da visão de mais um papa em solo nacional. É como sediar um Pan ou uma Copa do Mundo. A cada nova transmissão, o locutor não se cansa de repetir que somos o maior país católico do universo. O difícil mesmo é descobrir o que isso, na prática significa. Ou saber o que é mesmo ser católico.
Um comentário:
Eu, definitivamente, não sou católica.
Postar um comentário