quarta-feira, junho 15
Homens com cheiro de flor
Não podia deixar de assistir a primeira direção solo do Joe Pimentel, que conheço desde o super 8 da Casa Amarela e das filmadoras em videocassete. Sempre o considerei uma ótima mão na câmera. Preciso, apesar das constantes queixas com tudo. Homens com cheiro de flor é interessante. Perceptíveis as influências dos irmãos Cohen, Tarantino e Sérgio Leone.
O tema central e a pistolagem ainda tão presente no cenário cearense, onde vida tem preço e o seu fim é determinado por quem pode pagar. No Homens Com Cheiro de Flor os pistoleiros estão vinculados de forma indivisível aos seus patrões. É um pacto que não pode ser rompido sob pena de tal ruptura significar uma traição. Os assassinatos atendem sempre a interesses econômicos dos patrões e são totalmente despidos de qualquer significado aos seus executores.
Deodato, vivido por Joelson Medeiros (ator que também participoou das Mães de Chico Xavier) quer mudar de vida. Mesmo sendo um sanguinário pistoleiro cumpre o seu ofício com alguma ética. Não mata crianças, mesmo quando essas transformam-se em testemunhas. Torna-se inimigo figadal de Custódio, porque em um trabalho feito em dupla seu parceiro não respeitou a uma pseudo ética que procurava impor.
As constantes crises de consciência de Deodato o levam a desistir da mundo da pistolagem, apesar de aparentemente não ter outro meio de vida. Queria também que seu filho não se envolvesse com este tipo de crime. De matador, passa a alvo e é liquidado. E a trama passa a contar a história da vingança. O seu matador Custódio havia se apossado da viúva de Deoadato e trata o enteado como o próprio filho, passionalizar ainda mais a história.
A história é contada de forma não linear, algo parecido com Reservoir Dogs. As cenas em flash back assumem tons pasteis enquanto o tempo atual são filmadas em cores. A cena inicial, vários corpos baleados em meio a dois carros em uma estrada carroçável do sertão lembra a abertura de Onde os Fracos Não Tem Vêz, dos Cohen.
O roteiro de Emmanuel Nogueira é bem enxuto. Só que as vezes fica faltando uma melhor constituição psicológica dos personagens.
Não podia faltar a medalhinha desviando uma bala que salva a vida do filho de Deodato. Cena tão comum em farwests italianos. Uma citação estilizada, tipo Encouraçado Potekim em Os Intocáveis.
Impagável o pistoleiro Zé Galego, que em todo o filme não mata nada além de uma bezerra, mas tira onda de experiente matador. Esse personagem é o protagonista das melhores tiradas.
PS. Procurei na net um o cartaz do filme, para ilustrar, mas parece que não foi feito nenhum.
PS2. Desejo boa sorte, e que um distribuidor possa ser encontrado. A produção merece um espaço para ser exibida.
PS3. Deixo a susgestão aos entrevistadores televisivos. O filme e o Joe rendem. Fazer cinema no Ceará, com a qualidade deste é coisa ainda rara.
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