domingo, abril 19

Sobre cinema e arte

Quero agradecer aos inventores da Internet pelas oportunidades de resgatar parte da minha vida. Falo isso porque através desse maravilhoso engenho da ciência moderna pude resgatar tanta coisa que gostei em um passado às vezes recente, às vezes mais distante. Hoje, conclui o download do filme de Marco Ferreri Crônica de Um Amor Louco, que retrata parte da vida de Charles Bukowski, extraído de um de seus livros. Se não quiser assistir todo, recomendo ver ao menos os dois poemas que o personagem que interpreta o poeta recita. Um no início e o outro no final do filme. O primeiro fala da importância de se viver com estilo. O do final, sobre o abandono da arte pelo homem, que resolveu se dedicar a guerrear com alta tecnologia. Arte é paz, isso é fato. Nem que seja para apaziguar a tempestade que habita dentro do autor.

Bom olhar o passado e perceber que existem obras cinematográficas perenes. Não sei exatamente qual o elixir na longa vida que algumas criações tomaram. Acho que são os elementos artísticos que a obra encerra. Cinema por si só não é arte. Isso é o que poucas pessoas realmente entendem. A maioria pensa que diante de um cinema está presenciando arte. Parece que é, mas só parece. Arte não envelhece. Já tentou assistir de novo Embalos de Sábado a noite que lançou o Travolta ao estrelato? É de dar náuseas o mofo. Como esse exemplo, cito a maioria do que a telona mostra, salvo raras e felicíssimas exceções. E o que dá a perenidade são os elementos artísticos alinhados na obra.

Esse assunto tive a oportunidade de comentar com a minha professora de roteiro, Juliana Reis, há cerca de duas semanas. Agora ela já está no Rio e não vai me desmentir. O papo foi no Marcão das Ostras, um boteco interessante perto aqui de casa, durante a confraternização de despedida do curso. E ouvi dela que, (e ela é absolutamente apaixonada por cinema), trata-se tão somente de um meio de comunicação de massa. Assim como não é arte a revista que traz a foto de um quadro de Van Gogh, não é arte o cinema que porta um sem-número de expressões artísticas (ou não), em seu bojo.

Quero também fazer todas as mais elevadas reverências aos que escolhem viver com arte, pela arte, e da arte. Aqueles que se profissionalizam artistas sabem, ou deveriam saber, que dependem muito menos de seus próprios talentos do que do seu público. De nada adianta expressões maravilhosas se as pessoas não vão lhe entender, lhe aceitar, lhe considerar, lhe absorver, lhe consumir. E mesmo assim, a maioria deles, os artistas que podem ser nominados de verdadeiros, não abre mão de seus próprios conceitos para satisfazer as vontades de quem quer que seja. Que bem diga o citado Gogh que nunca conseguiu vender um quadro em vida, mesmo tem se esforçado muito para isso.

4 comentários:

kate disse...

passaria uma tarde inteirinha lendo-ouvindo seus pensamentos...
adoro... realmente adoro!
beijos mil.

Alessandro Jucá disse...

Lembrei de Rimbaud...considerado um dos maiores poetas da França e que só escreveu até os 19 anos de idade. Durou uns 45 anos. Dos 19 aos 45, se dedicou ao tráfico de armas...vê se pode! - uanto ao cinema, é fato que existe o joio e o trigo!

Laritz disse...

Para mim, cinema é arte.

Tudo bem que ultimamente existe muita porcaria, mas cinema bem feito é a mais pura arte.

Beijos!

Fernanda Sousa disse...

sempre achei dificil esse conceito arte-não arte. existe tbm muita rasgação de seda e muita coisa que a critica tenta empurrar goela abaixo pra q seja considerado arte. e pq eu tenho q acreditar na opinião de um punhado de pessoas q classifica isso ou aquilo como arte ou não? prefiro o conceito gostei-não gostei, mesmo quando o q a gente escolhe gostar é tido como uma verdadeira droga.

bjo