Desde O Exorcista, filme baseado no livro do mesmo nome de William Peter Blatty e roteirizado pelo próprio autor. nenhum outro filme que tratasse no mesmo gênero despertou uma maior atenção do público. Talvez pela baixa qualidade das produções que se seguiram, ou pela previsibilidade do tema, que na década de 70 surgiu com um certo ar de ineditismo. E, para os costumes da época meio que escandalizou a opinião pública, notadamente porque em uma de suas cenas sugeriu a masturbação de uma adolescente de 12 anos, totalmente transfigurada pela possessão, com um crucifixo. Duas heresias em uma mesma cena, que deve ter sido a mais comentada nas rodinhas de cinéfilos.
Quase 40 anos depois, 38, para ser mais exato, é lançado O Ritual que também aborda posessão e exorcismo. Para quem já está acostumado a diariamente assistir pastores evangélicos promovendo seus cirquinhos particulares de horrores, botando para correr trancas ruas e exus inadvertidos e estimulando a fé pelo medo, de há muito o capeta não mete medo em quase niguém. Esse filme tem a árdua tarefa de reabilitar o exorcismo cinematográfico. E para tanto traz o sempre brilhante ator Athony Hopkins como o padre exorcista Lucas, um dos últimos dessa especialidade, que tem como tarefa devolver a fé e ao mesmo tempo treinar o noviço Michael Novak, vivido por Colin O'Donnoghue.
Michael está se preparando para ser padre, nos Estados Unidos, quando tem um acesso de falta de fé, dentro do seminário. Pede baixa da ordem, mas o seu superior pede para que ele faça uma última tentativa em busca de sua espiritualidade perdida. O esforço será fazer um curso de exorcismo em Roma. Ele aceita meio a contragosto, cedendo a uma chantagem. Se deixasse o seminário teria de reembolsar o investimento na sua educação feito pela ordem.
Em Roma, conhece a jornalista vivida por Alice Braga, por quem sente uma certa atração, que será cobrada pelo coisa-ruim, e o padre Lucas, seu mentor. Só que o exorcismo que presencia lhe soa pouco convincente. Ele, inclusive, sugere que o padre indique outro profissional para a vítima da posessão, uma jovem grávida pelo próprio pai, uma vez que ele identifica sinais claros de distúrbios psicológicos na adolescente.
O padre Lucas, com anos e anos de prática, milhares de exorcismos realizados, obviamente que não aceita a sugestão, e atribui o não reconhecimento da possessão à ausência de fé do noviço. Esse antagonismo entre professor e aluno amarra a trama e dar um ar de veracidade. E provas vão surgindo de lado a lado, até que Michael rende-se a pressão de ver o seu próprio mentor também possuído.
Eu calculo que esse filme tem também o objetivo de simbolicamente resgatar a fé dos adeptos do catolicismo, demonstrando que os seus próprios pastores são também passíveis de tentações, como tão bem foi mostrado pela imprensa mundial, em diversos e diversos casos de pedofilia. O demônio fixou residencia intramuros dos herdeiros de São Pedro. O filme vale para quem gosta do gênero.
PS . Perguntaram-me se o Bin Laden Morreu mesmo, ou não. Respondi que isso não faz nenhuma diferença porque mesmo se ele estiver vivo, jamais vai conseguir provar, dada a vontade irregreável da mídia mundial em querer referendar a versão do Grande Irmão Obama.
The Rite
EUA , 2011 - 114 min.
Suspense
Direção:
Mikael Håfström
Roteiro:
Michael Petroni
Elenco:
Anthony Hopkins, Colin O'Donoghue, Alice Braga, Ciarán Hinds, Toby Jones, Rutger Hauer, Marta Gastini, Maria Grazia Cucinotta, Arianna Veronesi, Andrea Calligari
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