sábado, janeiro 23

Precious


Com quantos demônios você é capaz de conviver? Imagine-se sendo uma negra feia e gorda, que gostaria de ter pelo menos um namorado e em vez disso tem dois filhos com o pai que é apenas no namorado de sua mãe, um dos quais com síndrome de down. E ainda tem toda a raiva dela porque se considera lesada pela filha, que teria roubado seu homem.

Essa é a vida de Clarisse Precious Jones, contada de forma muito bela. Que se percebe um ser que ama pelos filhos que teve. Que se descobre uma mães capaz de dar todo o carinho e dedicação que a sua própria mãe nunca mostrou consigo.

Filmes assim tocam e deixam o que pensar. Impossível passar em branco, sem um mínimo de sensibilização. Apesar de toda a tragédia mostrada, o filme não é piegas nem se arrasta nas cenas mais pesadas, como se quisesse judiar com a platéia. Pelo contrário, exibe a estratégia de sobrevivência de Precious que sonha em fazer sucesso no showbizz, ter um marido branco e bonito e viver bem longe do pesadelo em que se encontra,24 horas por dia.

O filme é baseado no livro Push de Ramona Lofton, ou Sapphire como prefere ser conhecida, que foi escrito em 1980, mas só atingiu o público com uma campanha publicitária realizada em 1996, levando 13 anos chegar às telas, pelas mãos do diretor e produtor Lee Daniels. Ele prova, mais uma vez, que pequenos orçamentos (apenas US$ 10 milhões) podem resultar em filmes infinitamente melhores do que algumas bilheterias milionárias.

Não tenho conhecimento se esse filme passou aqui em Fortaleza, ou se está programado para tal. Mas sei que está disponível para downloads, aqui na Net. Sei também que é imperdível.

Um comentário:

Fernanda Sousa disse...

Essa hitória me lembra um filme antiiigo do Almodovar "Tacones Lejanos", onde a filha abandonada pela mãe quando criança, casa com o ex-namorado e grande amor dela pra se vingar, quando a mãe volta retoma o caso com o marido da filha e se desenrola uma história emocionante. No final, nem todo mundo é feliz...como realmente é a vida.