domingo, fevereiro 24

Entre uma eleição e um oscar

Cena do filme Sangue Negro que hoje disputa o Oscar

Ano passado li a reedição do livro A Ilha de Fernando Morais, retratando um país caminhando para a degradação de seus costumes. Com o surgimento da indústria do turismo, Cuba rendeu-se aos encantos do capitalismo e consumir virou objeto do desejo da maioria daquele povo, como em qualquer lugar do mundo. O inimigo (Estados Unidos) comum foi perdendo a importância e as atividades escusas tomaram vulto, ao ponto de a prostituição ser um hábito corriqueiro entre as moiçolas da ilha. Rápido acesso aos dólares e euros é o que conta e o que compra nas lojas que tem de tudo, reservadas aos turistas. Peso cubano serve apenas para as necessidades mínimas, em meio a grande escassez.

O que será do socialismo ilhéu sem Fidel? Não acho que mude muito. Se o comandante vivesse mais 100 anos no poder talvez o processo econômico rumo ao capitalismo se arrastasse por mais tempo. Mas a migração é inevitável quando se tenta globalizar a economia. Se isolado politicamente ninguém sobrevive, é preciso então ceder às leis de mercado pra se transacionar commodities. O grande legado do comandante, que agora deve submergir, é a formação de um povo solidário, capaz de sacrifícios pelo bem estar comum. O capitalismo é movido à base de ambição e desejos. Hoje cuba está escolheu o sucessor de Fidel. Mas isso pouco importa ou pouco influência terá nos destinos do valoroso povo cubano, que sempre dá um jeitinho de nos meter sola no voleibol feminino.

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Noite do oscar

Dos filmes cotados vi apenas dois. Desejo e Reparação, que até disse alguma coisa neste blog, e Sangue Negro. Quis assistir Onde os Francos Não têm vez, mas acho que só na próxima semana. Os dois que assisti tem cara de vencedores. Porém o segundo leva mais jeito por retratar um momento da história marcante no seu desenvolvimento econômico e na transformação de uma nação em uma sociedade consumista nos padrões atuais.

Sangue Negro também mostra como a trapaça, a espertice e a mutreta foram tão bem incorporada na cultura dos barões do petróleo, passando a perna em pessoas que agiam dentro dos padrões éticos perpassado pela religiosidade anglo-saxônica. O filme não faz julgamento nem tem aquela visão maniqueísta de que os bonzinhos se dão bem no final, e todo o mal é castigado, ao seu momento certo. Neste filme não há heróis, mas é uma ode às pessoas que tiveram fibra quando enfrentaram as adversidades.

Alguns comentários apostos sobre o Sangue Negro o colocam entre os filmes que marcaram época, tipo Cidadão Kane e Poderoso Chefão. Não creio que seja pra tanto. Eu o colocaria ao lado, um degrau abaixo, de E o Vento Levou..., apesar de não ter nenhuma Melanie e não construir tão bem a psicologia dos personagens. Particularmente, acho Desejo e Reparação uma melhor diversão.

Um comentário:

Mel disse...

Pois é, to só esperando viu..
Bjs