sexta-feira, julho 17

Chicas, eu vi


Quem vai comprar nosso barulho? Não sei. Mas quando é de graça, parece que o público é menor ainda. Pois é, ontem, ao Conjunto Ceará cheguei para assistir o show das Chicas. Lindo, com músicas voltadas às crianças. Mas havia menos de 150 pessoas para assistir, se contar com um cachorro pulguento que estacionou para ver as meninas encantarem a essa diminuta e eclética platéia, em pleno pólo de lazer do bairro.

As conjecturas são as mais diversas. A publicidade do show patrocinado pelo estado foi pouca, a noite estava meio chuvosa, o horário, 18 horas, era meio inconveniente. Mas o que eu acho mesmo é que a diversidade cultural não chega à periferia da cidade, mesmo com todas as possibilidades proporcionadas pelos multimídias. Chicas não tocam no rádio, que prefere (movido a jabá) Ximbinha e Calypsos. E não adiantou o carro de som circular por toda a tarde nas travessas do conjunto, anunciando a presença de tão ilustres figuras no palco. Dançaram. E eu aproveitei, acreditem os que não puderam ir.

quinta-feira, julho 16

A ressaca é azul

Se você acreditou na verborragia do Galvão Bueno, que tem como principal objetivo assegurar a audiência da programação esportiva da Globo, e aceitou que deveria torcer loucamente pelo Cruzeiro contra o time argentino na noite de ontem, uma hora dessas deve estar curtindo uma ressaca. Afinal de contas, o Brasil, como um todo foi derrotado, a imaginar o desespero do locutor e de seus asseclas de terrorismo patriótico.

É assim, o futebol é mais um produto capaz de gerar receitas milionárias a quem dele participa. Rios de dinheiro mudam de mão pelos pés de alguns jogadores. E o povo é quem sustenta essa vida nababesca de alguns. Tem gente que gosta de falar de políticos. Mas o que esses caras amealham por conta da boa fé e do fanatismo não é pouca coisa.

Eu comparo esses momentos esportivos a um casamento. Todos fazem a festa antes da partida final, planos de irem ao melhor dos céus ao final do apito do juiz, mas que não raras vezes se abraçam mesmo é com o inferno.

A mim, um time de uma longíncua Belo Horizonte, não causa nenhum embaço. Minha cabeça está tão leve quanto estava ontem.

quinta-feira, julho 9

Por um triz



Dessas coisas que a gente recebe na caixa postal.

A esperança é verde

Recebi Na manhã de hoje esse e-mail. É daqueles distribuídos aos borbotões, e que em pouco tempo, mais cedo ou mais tarde, também vai chegar a sua caixa. Aqui reproduzo-o por concordar com a maioria das idéias apostas. E vc? Que acha?

Carta aberta, de Eliane Sinhasique, para Renato Aragão, o Didi.


Quinta, 23 de maio de 2009.


Querido Didi,

Há alguns meses você vem me escrevendo pedindo uma doação mensal para enfrentar alguns problemas que comprometem o presente e o futuro de muitas crianças brasileiras. Eu não respondi aos seus apelos (apesar de ter gostado do lápis e das etiquetas com meu Nome para colar nas correspondências)..

Achei que as cartas não deveriam sem endereçadas a mim. Agora, novamente, você me escreve preocupado por eu não ter atendido as suas solicitações. Diante de sua insistência, me senti na obrigação de parar tudo e te escrever uma resposta.

Não foi por 'algum' motivo que não fiz a doação em dinheiro solicitada por você. São vários os motivos que me levam a não participar de sua campanha altruísta (se eu quisesse poderia escrever umas dez páginas sobre esses motivos). Você diz, em sua última Carta, que enquanto eu a estivesse lendo, uma criança estaria perdendo a chance de se desenvolver e aprender pela falta de investimentos em sua formação.

Didi, não tente me fazer sentir culpada. Essa jogada publicitária eu conheço muito bem. Esse tipo de texto apelativo pode funcionar com muitas pessoas mas, comigo não. Eu não sou ministra da educação, não ordeno e nem priorizo as despesas das escolas e nem posso obrigar o filho do vizinho a freqüentar as salas de aula. A minha parte eu já venho fazendo desde os 11 anos quando comecei a trabalhar na roça para ajudar meus pais no sustento da minha família. Trabalhei muito e, te garanto, trabalho não Mata ninguém. Muito pelo contrário, faz bem! Estudei na escola da zona rural, fiz Supletivo, estudei à distância e muito antes de ser jornalista e publicitária eu já era uma micro empresária.

Didi, talvez você não tenha noção do quanto o Governo Federal tira do nosso suor para manter a saúde, a educação, a segurança e tudo o mais que o povo brasileiro precisa. Os impostos são muito altos! Sem falar dos Impostos embutidos em cada alimento, em cada produto ou serviço que preciso comprar para o sustento e sobrevivência da minha família.

Eu já pago pela educação duas vezes: pago pela educação na escola pública, através dos impostos, e na escola particular, mensalmente, porque a escola pública não atende com o ensino de qualidade que, acredito, meus dois filhos merecem. Não acho louvável recorrer à sociedade para resolver um problema que nem deveria existir pelo volume de dinheiro arrecadado em nome da educação e de tantos outros problemas sociais.

O que está acontecendo, meu caro Didi, é que os administradores, dessa dinheirama toda, não têm a educação como prioridade. Pois a educação tira a subserviência e esse fato, por si só não interessa aos políticos no poder. Por isso, o dinheiro está saindo pelo ralo, estão jogando fora, ou aplicando muito mal. Para você ter uma idéia, na minha cidade, cada alimentação de um presidiário custa para os cofres públicos R$ 3,82 (três reais e oitenta e dois centavos) enquanto que a merenda de uma criança na escola pública custa R$ 0,20 (vinte centavos)! O governo precisa rever suas prioridades, você não concorda? Você pode ajudar a mudar isso! Não acha?

Você diz em sua Carta que não dá para aceitar que um brasileiro se torne adulto sem compreender um texto simples ou conseguir fazer uma conta de matemática. Concordo com você. É por isso que sua Carta não deveria ser endereçada à minha pessoa. Deveria se endereçada ao Presidente da República. Ele é 'o cara'. Ele tem a chave do Cofre e a vontade política para aplicar os recursos. Eu e mais milhares de pessoas só colocamos o dinheiro lá para que ele faça o que for necessário para melhorar a qualidade de vida das pessoas do país, sem nenhum tipo de distinção ou discriminação. Mas, infelizmente, não é o que acontece...

No último parágrafo da sua Carta, mais uma vez, você joga a responsabilidade para cima de mim dizendo que as crianças precisam da 'minha' doação, que a 'minha' doação faz toda a diferença. Lamento discordar de você Didi. Com o valor da doação mínima, de R$ 15,00, eu posso comprar 12 quilos de arroz para alimentar minha família por um mês ou posso comprar pão para o café da manhã por 10 dias.

Didi, você pode até me chamar de muquirana, não me importo, mas R$ 15,00 eu não vou doar. Minha doação mensal já é muito grande. Se você não sabe, eu faço doações mensais de 27,5% de tudo o que ganho. Isso significa que o governo leva mais de um terço de tudo que eu recebo e posso te garantir que essa grana, se ficasse comigo, seria muito melhor aplicada na qualidade de vida da minha família.

Você sabia que para pagar os impostos eu tenho que dizer não para quase tudo que meus filhos querem ou precisam? Meu filho de 12 anos quer praticar tênis e eu não posso pagar as aulas que são caras demais para nosso padrão de vida. Você acha isso justo? Acredito que não. Você é um homem de bom senso e saberá entender os meus motivos para não colaborar com sua campanha pela educação brasileira.

Outra coisa Didi, mande uma Carta para o Presidente pedindo para ele selecionar melhor os ministros e professores das escolas públicas. Só escolher quem, de fato, tem vocação para ser ministro e para o ensino. Melhorar os salários, desses profissionais, também funciona para que eles tomem gosto pela profissão e vistam, de fato, a camisa da educação. Peça para ele, também, fazer escolas de horário integral, escolas em que as crianças possam além de ler, escrever e fazer contas possa desenvolver dons artísticos, esportivos e habilidades profissionais. Dinheiro para isso tem sim! Diga para ele priorizar a educação e utilizar melhor os recursos.

Bem, você assina suas cartas com o pomposo título de Embaixador Especial do Unicef para Crianças Brasileiras e eu vou me despedindo assinando... Eliane Sinhasique - Mantenedora Principal dos Dois Filhos que Pari.

P.S.: Não me mande outra carta pedindo dinheiro. Se você mandar, serei obrigada a ser mal-educada: vou rasgá-la antes de abrir.

PS2* Aos otários que doaram para o criança esperança. Fiquem sabendo, as organizações Globo entregam todo o dinheiro arrecadado à UNICEF e recebem um recibo do valor para dedução do seu imposto de renda. Para vocês a Rede Globo anuncia: essa doação não poderá ser deduzida do seu imposto de renda, porque é ela quem o faz.

PS3* E O DINHEIRO DA CPMF QUE PAGAMOS DURANTE 11(ONZE) ANOS?

MELHOROU ALGUMA COISA NA EDUCAÇÃO E NA SAÚDE DURANTE ESSES ANOS?

quarta-feira, julho 8

De de cientista e de Loki...


Ontem assisti ao filme sobre a vida do Arnaldo Baptista. Cabeça dos Mutantes, criatividade a mil, encantou toda uma geração em meio a uma feroz ditadura e a muito consumo de psicoativos, os mais diversos. Ao de seu irmão e de Rita Lee formou a mais inusitada tríade artística do país, reconhecida em todo o mundo iniciado das notas musicais de alta qualidade. A produção porta inclusive apresentações dos novos mutantes na Inglaterra e depoimento do filho de John Lennon sobre as qualidades de Baptista.

Infelizmente a nota triste é a ausência de um depoimento contemporâneo de Rita, que foi casada com Arnaldo e que o deixou por não mais aguentar um convívio muito intenso e sufocante, até certo ponto.

A separação, ao que pude deduzir, precipitou a pirada de cabeção de Arnaldo, que chegou até tentar o suicídio saltando do quarto andar de um hospital psiquiátrico. Escapou, mas seqüelado. O amor de uma fã, hoje sua esposa, o salvou.

O filme tem o grande e inigualável mérito de fazer justiça a uma biografia que merece reverências as mais diversas. Tom Zé, Gilberto Gil e Nelson Mota estão lá, tecendo loas a um dos mais criativos brasileiros. Apesar de todos os ácidos, todas as pirações, todas as infantilidades e por elas, ele existe.

quinta-feira, julho 2

Vai comendo Pasquale!!

Sempre tive graves e irreconciliáveis diferenças com o professor Pasquali que a mídia fez star. Não gosto da sua forma como tenta autoritariamente impor uma forma de falar a um país que tem regiões com suas particularidades, grupos sociais que criam termos e formas próprios, e, ao mesmo tempo, esquece que a linguagem falada é também patrimônio cultural de uma nação. Gramática na minha precária avaliação é só um conjunto de leis que, como todas as outras, podem ou não ser respeitadas em nome do bem-estar comum.

Infelizmente, não tenho formação suficiente, nem saco, para buscar fundamentação científica ao que penso. Mas como o mundo gira e a gente acaba se esbarrando através da Net em quem pensa como a gente, de forma mais aprofundada e abalisada. Eis que hoje me deparei com um texto de Sírio Possenti, de Campinas, que retrata com muita propriedade o que já tinha em mente. Quem quiser ler, é só clicar no link.

quarta-feira, julho 1

A maior bola de barbante do mundo

Maior do mundo. Se não der, maior do continente ou maior do país também serve. Mas tem de ser maior. Um segundo posto também serve. Não sei se em todo canto é assim, mas por aqui é. Sempre compara-se com o que já existe. Foi assim na construção do estádio Castelão, “terceiro maior do país”, do açude Castanhão “maior do nordeste”, e agora tem mais coisas superlativas vindo por aí. Estão prometendo o maior aquário da América Latina, o maior centro de feiras do país e o maior parque eólico para produção de energia do hemisfério Sul. Tudo por aqui. No Estado que é o terceiro mais pobre do Brasil e um dos campeões em evasão escolar. Êta povinho megalomaníaco.

*O título é homenagem a um filme que assisti e esqueci o nome que já passou na sessão da tarde e conta umas férias fracassadas de uma família. Não percam tempo em assistir. É confirmadamente uma droga. Por isso, nem do nome eu lembro.