sábado, março 21


Já fiz teatro experimental, oficina de poesia
marginal
Seminário de meditação transcendental, curso de
sanduíche natural
Eu faço vídeo! Vídeo!
Eu faço vídeo!
Vagabundo é a puta que pariu!

Esse trecho de uma música que integrou o primeiro disco do Casseta e Planeta vai também em homenagem aos filhos de uma certa blogueira de quem eu sou leitor. Mas o motivo principal é para ilustrar o que venho a dizer.

A partir da próxima semana, pelos próximos 15 dias meu tempo vai escassear muito. Vou fazer um curso de roteiro de longa metragem com a roteirista Juliana Reis, que vem de São Paulo ministrar essas aulas. De forma que vai ficar meio inviável eu me dedicar a momentos lúdicos como escrever nesse blog com mais frequência.

Não sei de que esse curso vai me servir. Mas quem sabe ainda trabalho no ramo. Todos nós gostamos de cinema, e ao final do curso terei de apresentar um roteiro para ser certificado. Para a inscrição, apresentei uma sinopse que foi aceita e que deverá ser desenvolvida. Se eu criar coragem, eu ainda posto aqui esse material.

quinta-feira, março 19

Casas a parte


Há pessoas que são absolutamente avessas à BBB. Meio que isso fosse uma diversão doentia porque voyerismo. Mas o que nesse mundo hiperultramega globalizado não é senão desejos de saber o que acontece em volta? Uma professora minha, mestre em sociologia da comunicação, chegou a considerar tão grave esse programa porque nem os sociólogos jamais teriam realizado a experiência de confinar pessoas para examinar seus comportamentos em grupo.

Para mim, é só uma pena esse ramo de estudos das ciências humanas não ser criativo. Se bem que já assisti alguns documentários semelhantes a um BBB no GNT. Mas aí pode. Esses estão revestidos de algumas explicações científicas e se transformam em cults. A ciência adora ser a última palavra em tudo. Ao mesmo tempo, abomina as outras formas de interpretação da realidade, salvo aquelas transitadas pelos bancos acadêmicos.


Dito isso quero confirmar que assisto BBB porque gosto, desde a primeira edição. Não sob o pretexto de ter assunto para comentar com outras pessoas. Se ninguém que conheço não assistisse, mesmo assim acompanharia porque me interesso. Gosto de saber sobre as possibilidades de reações diante das mais variadas situações.

Cada pessoa adota comportamentos próprios, singulares, mas ao mesmo tempo procuram também ser aceitos pela coletividade.

BBB é um jogo com um régio prêmio. Mas os seus jogadores não podem jogar. É um paradoxo que se instalou desde a primeira edição. Aqui jogar assume uma conotação pejorativa. Jogar, para os internos na casa tem outro significado. Joga quem dissimula as suas atitudes para iludir os demais e o público e obter o benefício de não ser eliminado nos sucessivos paredões. São tidas como nobres as atitudes espontâneas. Não jogar é ser o que é em qualquer lugar, sem se preocupar com as conseqüências de suas atitudes. Ser, portanto, “verdadeiro”, e aqui vão todas as aspas possíveis. Resta a pergunta, onde é que se é 100% verdadeiro? Quem está totalmente despido do verniz diplomático? Não creio que exista. A não ser alguns raríssimos iluminados.

Os jogadores trilham essa ilusória dicotomia entre ser verdadeiro, e portanto angariar as simpatias do público, fator fundamental porque as decisões são democráticas, ou adotar uma postura estrategista buscando composições e desenvolvendo atitudes consideradas nobres pelos códigos da sociedade.

Todas as versões do BBB, em algum momento, alguém acusa outro participante de jogar. Vale destacar que não há nada nas regras do programa que puna, recrimine ou discrimine isso. Mas jogar por esse visão, é dissimular, e não apenas estar participando de um jogo, em busca de um prêmio. Quem acusa alguém de estar jogando, quer atrair ao outro antipatias. Internas e externas.

Outro termo muito utilizado entre os jogadores é complô. Os que são preferencialmente indicados para serem expulsos da casa pelos companheiros de confinação jamais olham para si, e nunca chegaram a afirmar que são as atitudes pessoais que desagradaram os demais. Sempre consideram que estão sendo injustiçados, que há uma armação, que se formou uma quadrilha para realizar uma limpeza étnica na casa. São pessoas que se colocam na função de coitadinhos. Esse é um lugar a ser perseguido, conforme já se verificou nas edições passadas.

O público se identifica rapidamente com os coitadinhos, e em algumas edições foram esses os vitoriosos. Vide Cida, Mara, Bambam, Jean. Este último abusou. Colocou-se como perseguido por sua condição homossexual. Venceu, mas outro que adotou a mesma estratégia deu com os burros n’águas. Talvez porque no meio do caminho esqueceu a rota que criou, de ser passar por bicha, e passou a investir em cima de uma outra inquilina do programa, mostrando-se um falso gay. Público não gosta de ser enganado com ardis tão evidentes. Prefere outros mais sofisticados para comprar como realidade.


Após essas breves considerações iniciais quero comentar sobre o atual programa. Já havia se desenhado um vencedor. Seu nome, Max. Cara equilibrado disposto a jogar o BBB com todas as possibilidades de controle emocional tangíveis, avaliações inteligentes. Não demonstrou irritação nas vezes em que foi indicado para o paredão e possui espírito de liderança. Não pelo autoritarismo, mas pelo trato natural com as pessoas. Porém, em relacionamentos e decisões democráticas não é sempre o racionalismo que prevalece. Ele não imaginou que ia surgir uma heroína capaz de voltar de cinco paredões. Nunca poderia prever que o público iria comprar a história de uma menina mimada, reclamona, voluntariosa. Ana se disse perseguida e o voto democrático veio em seu socorro em cinco oportunidades. O público eleitor não quer ver aquela loirinha quase natural ser cristianizada por seus algozes. E por ser sido líder, Max está assumindo o papel de vilão da história. Mesmo sem ter nada explícito que indique alguma armação dele contra Ana, a sua natural liderança o coloca na incômoda posição de responsável pelo antagonismo que se formou entre a loura e a quase totalidade da casa, já que no último paredão ela perdeu a sua principal aliada, a vovó Naná.

Max já percebeu isso, grande jogador que é. Já sabe que é o vilão da história e desconfia de suas chances de ir até o final se o seu caminho cruzar com o de Ana. Ele, no entanto, involuntariamente concorreu para isso. Por ser duas vezes líder, recentemente, durante os dois paredões em que Ana se fez presente. Mesmo sem a ter indicado, pareceu aos olhos do público que ele tinha uma estratégia para a eliminação de Ana. Indicativo disso foi ter colocado o seu amigo Ralf na berlinda junto com a loura, certo que o equilíbrio masculino iria derrotar o destempero emocional da loura.

Ledo engano. Maioria do público, com o voto desfez os planos de Max, que agora tem em Ana a presença menos desejada a ele na casa. Ana já é na visão de Max a vencedora. Porém, nem tudo está perdido. Avaliação é minha. A situação pode se modificar porque Ana perdeu a sua referência. Naná fora da casa pode levar a loura a uma profunda melancolia ou a um descontrole, já que perdeu a sua alterego. Ela, nos últimos dias, só tem demonstrado tristeza. E se ela não empunhar minimamente a bandeira de uma guerreira, capaz de resistir às pressões psicológicas impostar pelos seus antagonistas, o público pode rapidamente mudar de lado novamente. Mas, ao que eu posso ver até agora, dificilmente não sairá da dupla Max – Ana o vencedor da atual edição. Ponto fraco dos jogadores desse BBB é a presença do Flávio até agora. Como é que deixam um pentelho ambulante resistir tanto tempo no come e dorme global? Esse é terrível. Passou as duas últimas semanas perseguindo uma gostosinha de plantão, que nem um cachorrinho, e só levou fora. Um pé no saco, que se achar o senhor justiça e que já deveria ter sido despachado. Na primeira oportunidade que for ao paredão (e ainda não foi nenhuma) volta pra casa. Com quem quer que seja a disputa.

Visita ilustre


Já tinha escrito outro post sobre BBB para publicar hoje, mas não poderia deixar em branco a visita de minha tia avó Nair. Vai comemorar 89 anos em 14 de julho, mas ainda esbanja vitalidade. Essa flexão foi feita enquanto explicava como conseguiu se internar em um pensionato de freiras, no Recife. Na época, tinha 83 anos, e a idade limite para o ingresso era 80. Exibiu essa condição para a supervisora, que sem pestanejar aceitou a nova interna.

Desempenhos atléticos a parte, ela a cada ano nos visita. E a cada ano se despede com o discurso de quem nos viu pela última vez. Não dá pra acreditar que ela nã volta aqui em 2010. Foi casada, mas quis o destino que não tivesse filho. Não fez disso nenhum martírio. Viajou o mundo todo e nas suas últimas execursões ia de graça porque a agência em que viajou pagando tantas vezes a convidava para animar o grupo com a sua presença de espírito e um bom humor que lhe acompanhou por toda vida. adorável tia avó.

terça-feira, março 17

Crisis? What crisis?


(Capa e título proféticos de um disco do Supertramp de 30 anos atrás)

Para todo lado que se vira é só o que se ouve, o que se comenta, o que se fala. Invadindo a vida de todas as pessoas através dos meios de comunicação de massa, da falta de crédito, do aumento do dólar, queda das bolsas, desemprego, depressão financeira e emocional. Turbulência no mundo todo, pegando a todos de surpresa, afinal de contas, a espiral de expansão do crescimento econômico vinha tão bem...

Parece que é assim. Só parece. Botam a culpa no sistema financeiro de algumas instituições dos Estados Unidos, que teriam sido irresponsáveis em emprestar dinheiro a quem não tinha condição de saldar suas dívidas. Essas pessoas botaram a mão no dinheiro, como botaram no mundo todo, e torraram no consumo, alimentando a fogueira da expansão econômica. Para o olhar mais atento, e não precisa entender tanto de economia para ver, é fácil perceber que se essa dinheirama, que agora falta em todo canto, não fosse colocada em em poder de pessoas extremamente perdulárias não haveria todo esse consumo e a economia, esse ser abstrato, não teria crescido.


Está acontecendo agora o resultado do que se viu ao longos dos anos, desde a depressão de 1929, quando fortunas desapareceram do dia para a noite e os suicídios se multiplicaram em todas as esquinas da nação mais poderosa do mundo. Toda a riqueza do mundo está concentrada em mãos de bem poucos. E se esses poucos não emprestassem para a multidão ávida por consumo, porque impulsionada por uma poderosa máquina que diz o tempo todo “consumir é ser feliz”, o capitalismo já teria fracassado e deixado de existir porque falho.

O Capitalismo é, a grosso modo, movido por angústia. Quem não compra, não tem a roupa de grife, não anda de carro próprio, não usa jóias anunciadas pelo comercial, não se endivida no cartão de crédito, não tem um desktop, um leptop, o ipod, o iphone, o blackberry o diabo a quatro, se sente inferior, a pior das criaturas, infeliz por suas condições econômicas desfavoráveis.
A angústia nunca acaba. Só muda o patamar. Se a renda é um pouco melhor, então o barato é conhecer vinhos e sorvê-los aos borbotões. Compra-se garrafas a 150, 200 reais, depois produtos importados caros, casas de praia, de serra, iates, ilhas, jatinhos. Vontade de parecer ser cada vez mais rico e feliz com os seus bens. O Capitalismo agradece e vende.

Vai-se longe o tempo em que valores morais e artísticos era moeda de troca no mercado amoroso. Quem sabia desfiar versos, compor músicas, possuía um grande coração, sempre fiel aos seus princípios era um modelo a ser seguido. Hoje, jogador de futebol rico, com carro importado e nada na cabeça é quem rulez. É esse o mundo que nós queremos. Cada um que cuide de si.

A respeito do que comentei no post anterior.

DA DESTRUIÇÃO DAS FLORESTAS DO PLANETA, 42% FORAM NO BRASIL!
(E nós preocupados com os saquinhos plásticos de supermercados.)

75% da destruição das florestas na América do Sul ocorreram no Brasil segundo a FAO.

1. O Informe da FAO, divulgado por El País, diz que o mundo perdeu 7,3 milhões de HA de selva entre 2000 e 2006, sendo que destes, o Brasil contribuiu com 42%. A FAO acha que o Brasil terá, nos próximos anos, graves dificuldades para estancar a sangria de suas florestas em função dos interesses agrícolas e do etanol (atenção, Lula).

2. O Brasil perdeu 3,1 milhões de HA, ou 0,6% de todas as florestas. A destruição aumentou em relação a 1995-2000, quando foi de 0,5%, desmentindo os dados de melhora no Brasil. Em relação à América do Sul a perda de florestas no Brasil representou 75% do total. O Brasil ainda possui 57% de suas terras com florestas. A Amazônia tem 25% da água doce do planeta.

terça-feira, março 10

Questões ecológicas



Eu não consigo entender porque querem reduzir a destruição do planeta em toda a sua extensão a um modismo. Tipo agora todo mundo vai deixar de usar saco plástico para levar os produtos dos supermercados. O capitalista da alimentação economiza e agradece, enquanto você sai com uma sacola de pano cheia de embalagens plásticas com uma enorme sensação de estar contribuindo para a salvação da natureza. Definitivamente, a causa ecológica virou algo a ser vendido, como as cotas de cancelamento de emissões de carbono.

Hoje assisti a um debate sobre a destruição do meio ambiente com especialistas do ramo e ouvi deles algumas idéias interessantes. Coisas mais próximas da minha percepção.

Vamos a elas:

*Dá pra ser sacana e sem-vergonha com qualquer idéia. Inclusive ecológicas.

*Educação ambiental não vai resolver nada nem a curto nem a médio, nem a longo prazo. É preciso ações efetivas sobre as questões.

*É absolutamente inaceitável que uma região pobre somo o semi-árido nordestino se volte a produzir biodiesel para os bem aquinhoados desfilarem com seus carrões nas cidades.

*A energia mais barata, ecologicamente certa, é aquela que se economiza, e não a que se produz.

*Tudo o que o homem faz tem impacto negativo no meio, até na produção da energia mais limpa como a solar ou a eólica (entropia).

*Talvez o meio mais eficiente de controlar a poluição dos rios, mares e lagos seria a afixação de outdoors nas proximidades, apontando as empresas ou outros responsáveis pelos lançamentos de efluentes.

segunda-feira, março 2

Alguém que existe


Pessoas comuns
Multidão de pessoas comuns.

Três refeições ao dia

Café, almoço e jantar
Quando muito.


Vala comum

Camas comuns

Sexo uma vez

Por semana


Rádio, jornal e TV
Quem precisa mais saber?
Todos são personagens
Das e
statísticas.

Milhões de desempregados

Crise mundial.
Como isso tudo me cansa
Onde estão os nossos líderes?

Daqueles que rompem estruturas

Entornam doses cavalares
De coragem.

Não existem mais

Só algumas diferentes Maneiras
De se fazer As mesmas coisas.
Que tédio!!!