segunda-feira, agosto 25
quinta-feira, agosto 21
Mares da Espanha III
Vicent tinha alguns planos naquela cidade. Pensava em um pouco de diversão, que incluía a presença de mulheres e alguma bebida, obviamente, fazer contato com alguns amigos, para descobrir bons e ansiosos homens em busca de um trabalho embarcado e descobrir novas rotas rentáveis. Viver somente de pilhagens havia se tornado perigoso depois que os reis europeus resolveram dar proteção aos negociantes, mediante a gordos impostos, como contrapartida, obviamente. Toda a Europa urgia por novidades vindas de terras distantes. As riquezas espoliadas em todas as demais partes do mundo eram suficientes para custear os caprichos da nobreza e a burguesia que efervescia.
A visão da bela nobre não foi suficiente para demove-lo radicalmente de seus planos iniciais, mas o deixou com certos desejos, fantasiados, diante da improvável possibilidade de realiza-los. Seguiu o seu caminho rumo a Taberna do Sueco, de propriedade de Thomas Hitnauss, um velho amigo de Vicent que também já havia trabalhado em naves, por alguns anos. A nova atividade surgiu depois que escapou de um naufrágio, perto da costa da África, e a jura de nunca mais arriscar a vida em mares revoltos. Se dizia o último descendente vivo do conquistador escandinavo Erik, o Vermelho. É claro que isso não passava de uma bravata.
Ao perceber Vicent adentrando no recinto, Thomas abriu o sorriso e caminho em passos rápidos para recebê-lo. A amizade era fortalecida pela fidelidade demonstrada em uma viagem que ambos realizaram a Grécia, em busca de antiguidades. Hitnauss não perdeu a vida porque o espanhol atirou-se ao mar para salva-lo. O sueco, embriagado, deixou-se arremessar às águas pelo movimento da vela e só não se afogou porque o amigo arriscou-se no resgate. Um coração escandinavo é incapaz de esquecer um gesto tão nobre, teria ele dito, certa vez.
Hitnauss percebeu, ao abraça-lo, que o amigo ainda estava tão vigoroso quando da ultima vez que o havia visto, apesar de ter percebido um pouco de aprofundamento em suas expressões faciais. Talvez estivesse um pouco mais magro, mas nada muito perceptível. Sabia também, que Vicent iria fazer algum pedido de alguma informação ou coisa que o valha. Essa era a rotina dos seus encontros. E ele tinha o prazer em poder ajuda-lo sempre. Não por se sentir devedor de alguma coisa, mas pela alegria de auxiliar um amigo tão valoroso. Quem não queria ter alguém capaz de arriscar a vida por si, em seu ciclo de amizades?
Vicent, a princípio nada falou. Apenas sorriu e correspondeu ao abraço forte do sueco. Logo, ambos estavam sentados, diante de generosas canecas de vinho, falando sobre trivialidades, contando histórias vividas por ambos, conjuntamente. Vicent também falou de sua última viagem e de sua vontade de entrar em definitivo no mercantilismo formal, com direito receber garantias da Coroa. A família real, segundo as informações que havia recebido, estava fazendo concessões aos burgueses e ele também queria se beneficiar. óriasvam sentados, diante de generosas canecas de vinho, falando sobre trivialidades, contando hist em suas expresso mundo eram sufi
quinta-feira, agosto 14
Olimpíada fake
Alguém ainda agüenta ouvir falar
Fake, fake e mais fake. País que inunda o mundo todo de falsificações baratas de produtos de grife não poderia ter uma ética diferente. É fake a imagem da queima de fogos exibida na abertura dos jogos, a cantora mirim que dublou outra criança durante a festa. Agora, do nada surgiu um certo herói infantil que teria salvo outros colegas durante um terremoto. Alguém acredita nisso? Como esses chineses crêem na ingenuidade da humanidade. Mas para cada mentira criada, há um crédulo disposto a apostar a vida.
Tantas mentiras têm uma justificativa. É preciso assegurar aos patrocinadores o retorno investido na publicidade. Só a produção sistemática de heróis seria suficiente fazer com que os simples mortais, que precisam defender o pão de cada dia, se prendessem à televisão madrugada adentro para acompanhar feitos históricos. Como heroísmo no Brasil é matéria escassa, que se contentem com medalhistas de bronze, ou gozem pelo bombadão Phelps pulverizando marcas, atrás de marcas. Eu não troco nada disso pelas minhas noites sono. Mesmo sendo um admirador de esportes.
PS1. Ontem, aqui em Fortaleza um procurador de Justiça, 59 anos, matou a queima roupa, dentro da própria residência um delegado de polícia 60 anos. Consta que eram amigos de infância. O crime teria sido pré-meditado. O assassinato me trouxe à memória um post que escrevi dias atrás sobre amizades.
PS2. Grato a todos pelos comentários dos posts passados. Gostei bastante!
quarta-feira, agosto 13
Vaidades & Diabos
Para transformar o simples em sofisticado, basta por caviar em cima
O pecado que eu mais gosto é a vaidade. Acho que é mais ou menos esta a frase que o diabo diz, encarnando John Milton, que é representado por Al Pacino no filme Advogado do Diabo (1997). Faz muito tempo que assisti, mas até hoje ficou gravado. Talvez porque sempre me lembro dela quando vejo alguém exercitando excessos de amor próprio.
Para mim, existem dois tipos de vaidades. E só um assume contornos diabólicos. Será?
O primeiro tipo é aquele desejo de ter uma boa aparência, uma roupa dentro dos conceitos estéticos, cabelos arrumados, um jeito agradável de se apresentar. Infelizmente, muitas pessoas que tratam com tanto zelo alguns pontos de imagem não conseguem apresentar atitudes correspondentes na forma de tratar com os outros. Mas isto já é outra história.
A vaidade que considero nefasta é aquele que funciona como o disfarce da arrogância, e se traveste, na maioria das vezes em orgulho. É o esforço para aparentar ser melhor que os outros, procurar uma posição de destaque, que a maioria das vezes se impõe pela força. É querer parecer superior pela empáfia que arrota. É a parceira ideal do sucesso.
terça-feira, agosto 12
Contingências
Eu aprendi a desconfiar de pessoas que não gostam de escrever. Não que eu ache que todo mundo deve de alguma forma se expressar através de textos, afinal vivemos em um país de analfabetos, onde conhecer a escrita é ainda um luxo. Mas eu acho que aqueles que evitam de toda forma uma exposição do seu pensar de forma mais perene tem alguma coisa errada. Ou algo a esconder, ou medo de se comprometer.
Existem, como todos sabem, estudos os grafotécnicos que apontam traços da personalidade pela forma como cada um escreve. Isso é fato. Mas hoje em dia, praticamente ninguém perde tempo em desenvolver as idéias utilizando caneta. Então não são mais as formas das linhas que podem indicar como somos, mas as nossas próprias idéias quando expostas.
Quando se fala, é fácil dizer que não foi entendido corretamente, que se falava dentro de um contexto, ou que simplesmente trocou as palavras na hora de pronunciá-las. Mas quando se escreve, com todas as possibilidades de releituras, de deletes e backspaces, fica complicado de se falar em falha de interpretação.
O medo de escrever é o medo de si próprio. De expor um lado que quer se manter oculto. Medo do compromisso com o perene. Às vezes é tão somente o desejo de manter abertas todas as portas que levam às múltiplas faces. Poder dizer idéias contraditórias em momentos diferentes e não ser pego em flagrante.
segunda-feira, agosto 11
Dançarinas praticando na barra
sexta-feira, agosto 8
Reencontro com Laurie Anderson
Uns dias sem postar nos deixam destreinados. Tanta coisa acontecendo e a gente se escondendo pra não levar pedradas. As pedras estão soltas, na sexta tem show do Geraldo Azevedo e no domingo tem Beatles cover na faixa, com Sargent Pepper’s Band, de Belo Horizonte. Vamos aproveitando, que o espírito precisa de um pouco de conforto. Ainda mais se é 0800.
Hoje aconteceu uma interessante. Estava procurando por Laurie Anderson, quando soube que ela desembarca no Brasil no próximo mês. Acho que ela não vem aqui há uns 20 anos, mas a julgar pelo seu trabalho, continua tão afiada quanto antes. Mas é coisa para quem tem ouvido desarmado, e não recusa o estranho, o esquisito, o que soa desconhecido e despretensioso . Cada dia é um dia. Um dia de cada vez. O futuro não existe e o passado é só memória.