sexta-feira, abril 11

Muito além do jardim


Clamor público. Comoção Social. Essas duas frases são repetidas a exaustão para justificar o funcionamento do aparelho estatal na busca pela elucidação de um crime. Clamor público e comoção social provocados, como sempre, pela mídia que espera vender para a audiência, leitores e ouvintes a história do assassinato misterioso da menina Isabella, em um longínquo São Paulo.

Clamor Público turbinado pela imprensa que espetaculariza um ato brutal. Mas que comoção social é essa que acelera o processo investigativo, que prende com a velocidade de um raio, e que praticamente condena os principais suspeitos? Na democracia, tudo vale para saciar a opinião pública. Rende votos demonstrar que a máquina policial está atenta a tudo e a todos. Que o braço da lei vai inexoravelmente colocar culpados a cumprir penas. Democracia quer dizer praticar atitudes capazes de render votos. Ser justo, preciso e responsável são só uma coincidência.

Estatísticas da própria polícia. Somente 10 por cento das investigações sobre crimes de morte chegam a apontar um culpado no final do inquérito. De todos os processados, apenas 10 por cento são condenados. Ou seja, de cada 100 assassinatos, somente um assassino vai para a cadeia. Isso se a sentença for verdadeiramente justa. Sem nenhuma comoção social, sem nenhum clamor público.

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