Dizia o governador e senador Virgílio Távora, em tom de pilhéria, que o Ceará é o centro do universo. Ou, pelo menos, assim, na visão dele, pensavam os políticos locais. Outro cara que conheci, sem nenhum sarcasmo, se considerava o centro do universo. Porque se fossem medidas as distâncias a direita, a esquerda, acima e abaixo dele encontrariam a mesma grandeza, seja ela qual fosse. Uma questão meramente física, geométrica ou espacial.
A palavra nas letras deste rap (que lida com ritmos e suingues bem brasileiros) traz um retrato ampliado pela lupa da sensibilidade do que se passa nos corações e mentes dos que estão um pouco (ou muito) deslocados do eixo do consumo. Ou do consumismo. Mas, ao mesmo tempo, também querem andar de nike, colocar onças e dólares nos bolsos, desfilar de carro importado e outros bens supérfluos ou duráveis apostos em notas comerciais em todos os veículos de comunicação.
Há quem diga que as mensagens do Costa a Costa são de puro otimismo (vide matéria veiculada recentemente no jornal o povo http://www.opovo.com.br/opovo/vidaearte/726875.html), contrariando a tendência de grande parte do rap nacional que transita entre a lamentação e o inconformismo, passando pelo desabafo em razão do sofrimento imposto aos periféricos irmãos. Mas na minha visão, o que se desenha a cada nova faixa é uma crônica do dia-a-dia na cidade vista pelo outro lado do fumê de hilux, mercedes e outros importados, ou de fora das grades dos condomínios antevistos pelo Rappa.
O talento é patente. Mas o segredo do sucesso pode passar ao largo dele, vide o entulho musical que reina absoluto em todas as ondas de rádio, em todos os palcos, em todas as regiões do pais. Chegar ao topo, mesmo tendo conteúdo é tarefa árdua, aonde não se chega atropelando os outros. Por mais impactante que isso possa ser.
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