quinta-feira, julho 7

Eu, Minha (Quase) Namorada e o Guru Dela


Procurei alguma coisa escrita sobre o livro que acabei de ler "Eu, Minha (Quase) Namorada e o Guru Dela. Na googlada que dei, não achei mais que curtas sinopses de sites de livrarias. Meio decepcionante. Se eu corresse atrás de algo sobre um filme tenho certeza que os resultados seriam bem mais amplos. Só para confirmar o quanto a nossa cultura está quase que abominando a literatura. Nada fica falado, divulgado, conhecido em massa sem antes passar por uma tela de cinema.

Dificuldades à parte, gostei da leitura. Não é tão engraçado quanto um comentário atribuído ao 'The Times" , aposto na capa, diz que é, mas é divertido. A história contada em primeira pessoa pelo autor William Sutcliffe lembra o estilo de J. D. Salinger, autor de O Apanhador No Campo de Centeio, misturado com Charles Bukowski, em Misto Quente. Dave concluiu os seus estudos na escola secundária e está prestes a ingressar na faculdade, quando resolve fazer uma viagem de 3 meses a Índia, na companhia da namorada de um amigo.

Suticliffe passa um visão do país visitado pelo protagonista mais pragmática. Não aquela Índia mística, com um guru em casa esquina, mas um país de terceiro mundo, onde a maior parte da população vive em meio a pobreza, lutando contra as condições adversas pela sobrevivência. E importunar turistas em busca de um trocado faz parte dessa rotina.

A Índia dos Ashrams é mostrada como um artigo de consumo para turistas. Onde por alguns punhados de rúpias é possível se internar em um por alguns dias ou semanas, em busca da transcendência, o nirvana, ou similares. O choque cultural entre o jovem inglês e o ambiente asiático conduz boa parte da trama. O livro é interessante, prende a atenção e diverte. Mas é leitura rápida. São só 300 páginas, em letras graúdas, o que faz o preço do exemplar, mais de R$ 40,00, parecer ainda mais caro. Melhor mesmo baixar na net e ler em algum tablet. Fiquei com vontade de ler outros livros do autor, "Má Influência" e "Que Te Faça Feliz".

quarta-feira, julho 6

Uma Doce Mentira


Comédias românticas têm sempre finais previsíveis. Ou então não seria comédia, e sim tragédia. Afinall, os aficcionados do gênero querem ver exatamente isso: um casal apaixonado chegando a bons termos até o final do filme. Então, quem espera algo diferente disso vai perder tempo. E Uma Doce Mentira não foge desses parâmetros.

O que faz a diferença é a engenharia do roteiro, além da interpretação dos atores. Claro que nenhuma interpretação é capaz de superar as falhas roteirísticas, mas faz alguma diferença, tornando suportáveis eventuais deslizes.

As comédias românticas se sustentam mais pela criatividade de cenas inusitadas. E essas são em profusão neste filme. A começar pelo poligolta ex-funcionário da Unesco Jean (Sami Bouajila) que resolve iniciar a vida sendo um faz-tudo em um salão de beleza, e se apaixona pela dona do estabelecimento, Emilie (Audrey Tautou, de Amelie Poulan). A cena inicial já é hilária. Um mulher em dúvida sobre cortar ou não uma franja.

O amor dele é platônico, porque ele se passa por alguém se nenhuma instrução graduada. Porém, suas habilidades começam a ser descobertas quando ele trava um ríspido diálogo com dumas orientais, na língua nativa delas. Isso assusta Emilie, que se vê enganada e o demite. Pouco tempo depois a demissão é revogada.

Jean, um moreno, que na pequena cidade francesa deve ser considerado negro, não tem coragem de revelar seus sentimentos, e resolve escrever uma carta apaixonada. O certo pendor literário do personagem fica justificado pela sua formação em Harvard. Emilie não dá a mínima, mas resolve usar o mesmo texto para enviar uma correspondência anônima a sua mãe que se encontra deprimida por ter sido largada pelo marido há quatro anos. Aí começam os problemas.

A sua máe, Mardy, realmente sai da depressão, diante da perspectiva de um novo caso amoroso em sua vida. E as dificuldades de se manter a mentira estabelecida sem causar estragos nos sentimentos da mãe passam a ser as principais preocupações da filha. No meio desse rolo, muitas situações inusitadas são geradas, inclusive a contratação de Jean para se fazer de amante secreto.

O filme é divertido, criativo, e suficientemente amarrado para prender o interesse até o fim, sem nunca enveredar para o melodrama. Vale a pena.

UMA DOCE MENTIRA
(De Vrais Mensonges, França, 2010)
Direção:
Pierre Salvadori
Roteiro:
Pierre Salvadori, Benóit Graffin
Elenco: Audrey Tatuou, Nathalie Baye, Sami Bouajila, Didier Brice
Duração:
104 min